
Rand Aldo Leopold (1887-1948) é desconhecido no Brasil.
Ele criou, nos anos 1940, a distinção entre “preservação” e “conservação” da natureza.
Preservação significa o não uso, ou apenas o uso contemplativo da natureza.
Conservação, implica o uso racional da natureza; a natureza sendo considerada como fonte de recursos naturais renováveis.
Nos EUA, já houve presidentes ‘preservacionistas’, como Franklin Roosevelt, e ‘conservacionistas’, como Theodore Roosevelt. Chegou a vez dos ‘devastacionistas’, como o impronunciável presidente daqui, com seus acólitos.
Aldo Leopold é um dos autores sobre meio ambiente mais lidos em todo o mundo, apesar de sua obra ter sido produzida na primeira metade do século passado. Permanece atualíssima e, para muitos, até mesmo à frente do nosso tempo.
Ele entendia que era impossível conservar a natureza sem que se incluíssem os produtores rurais no mecanismo de conservação.
“Se o mecanismo da terra como um todo é bom, então, toda parte que a compõe é boa, quer nós a entendamos ou não. Manter cada engrenagem e cada roldana é a primeira precaução do raciocínio inteligente.” (Aldo Leopold)
Em 1933, escreveu “A ética da terra”, um brado para que o homem passe a lidar com a terra, no sentido amplo, da mesma forma como deveria lidar com seus semelhantes.
Com a urbanização tem crescido a ignorância sobre o meio natural. As pessoas estão cada vez mais desconectadas da natureza real – que inclui cheiros, cores, sons, mosquitos, espinhos e flores, sol e sombra, frio e calor, nuvens e estrelas.
Para os que vivem em apartamentos, o meio rural é apenas um espaço entre as cidades onde se produz comida – quase uma ficção.
Ele presenciou e se posicionou a respeito dos problemas ambientais nos EUA, semelhantes aos que vivenciamos hoje neste Brasil: superexploração de espécies, erosão em larga escala dos solos pelo mau uso da terra com atividades como gado demais e aração de pastos morro acima em terrenos com mais de 75% de declividade, assoreamento de rios, mineração poluidora, dragagem e destruição de áreas úmidas, queimadas, “o corta e vai embora” …
Sua preocupação era com relação à terra, com os sistemas naturais nos quais todos nós estamos imersos; com a forma como pensamos sobre nossas relações uns com os outros como cidadãos companheiros de jornada e habitantes da terra e da Terra.
Temos um destino comum, por mais que queiramos ser ‘diferentes’ e ‘especiais’. E esse destino está ligado aos dos solos e das águas, das plantas e dos animais, da atmosfera e dos oceanos, que constituem nosso provisório lar terreno.
Se eu fosse o vento
“O vento que produz música nos milharais em novembro tem pressa.
Os talos murmuram, as palhas soltas sobem rapidamente para o céu em redemoinhos meio brincalhões, e o vento se apressa.
No banhado, ondas de vento compridas vagam através dos capinzais brejosos, batendo contra os salgueiros distantes. Uma árvore tenta argumentar, acenando com os galhos nus, mas não detém o vento.
No banco de areia, há apenas o vento e o rio, deslizando em direção ao mar. Todos os fiapos de capim estão desenhando círculos na areia. Vago sobre o banco de areia em direção a um tronco de árvore suspenso, onde sento e ouço o rugido universal e o barulho das ondinhas na praia. O rio está sem vida: não há pato, garça, gavião-do-banhado ou gaivota. Todos procuraram abrigo contra o vento.” (Aldo Leopold)