
Uma jovem atriz encontra um pastor alemão branco, perdido. Ele é dócil. A moça apaixona-se pelo cão.
Há um problema: sempre que o cão encontra um negro pela frente, o seu ‘instinto’ é atacá-lo e matá-lo. Ele havia sido treinado para atacar negros desde a infância por um dono que lhe transmitiu esse ódio assassino. O cão só é curado quando morre.
Esse é o enredo do filme “Cão Branco“, de 1982, dirigido por Samuel Fuller.
O racismo explícito tem diminuído. Há cada vez menos pessoas que se assumem como racista. Na Inglaterra dos anos 1980, 50% da população se dizia contra casamentos interraciais. Essa taxa caiu para 15% em 2011. Nos Estados Unidos, em 1958, 94% dos americanos disseram desaprovar casamentos entre pessoas brancas e negras. Esse número caiu para 11% em 2013.
Mas, o “preconceito implícito” ainda resiste. O Teste de Associação Implícita (IAT), desenvolvido em Harvard e introduzido há mais de duas décadas, mostra isso. Preconceitos não apenas com relação à cor, mas também em relação a orientação sexual, deficiências e obesidade.
“O Brasil, apesar da fama de miscigenação, tem poucos casamentos interraciais, segundo o Censo Demográfico de 2010 do IBGE. Cerca de 75% das pessoas que se identificam como brancas casam com outras brancas, 69% dos pardos vivem com pardos e 50% dos negros se casam com outras pessoas negras.” (David Edmonds, BBC)
Alguns especialistas dizem que o racismo nasce do medo. Medo da diferença. Medo do estranho, do desconhecido. Medo alimentado pela baixa autoconfiança. Essa ‘estranheza’ é transmitida na primeira infância por nossos referenciais, os pais e educadores.
“Não é papel de uma sociedade civilizada operar sobre os homens uma espécie de ‘engenharia da tolerância’ que, no limite, apenas desculpa o indesculpável e falsifica qualquer relação social.
Um racista é um racista, não um doente .
O que implica a séria possibilidade de o racismo não ter cura.” (João Pereira Coutinho)
“Precisamos resolver nossos monstros secretos, nossas feridas clandestinas, nossa insanidade oculta.” (Michel Foucault)