Marcelo Gleiser, no seu livro “A ilha do conhecimento”, faz uma metáfora sobre o conhecimento humano.
O mistério nos cerca, tanto o que não entendemos quanto pelo que não podemos entender. O humano é um ser arrogante, que só alarga sua ignorância.
Podemos ser otimistas e considerar que “todos os começos são obscuros”, extrapolando as palavras de Buda, ou lembrar que “a parte não pode conter o todo”, embora comunguem a mesma natureza.
“… considere que o conhecimento que acumulamos através dos séculos forme uma ilha.
À medida que aprendemos mais sobre o mundo, a ilha cresce.
Como toda boa ilha, essa também é cercada por um oceano, no caso, o oceano do desconhecido.
Entretanto, quando a ilha cresce, cresce também o perímetro que a separa do desconhecido.
Com isso, ao aprendermos mais sobre o mundo, acabamos por criar mais ignorância; as novas perguntas que podemos fazer que, antes, não podiam ser antecipadas.
Ou seja, o conhecimento gera novos desconhecimentos.
(Marcelo Gleiser)
Ricardo Kelmer ainda lembra, numa fábula, que além do crescimento do perímetro, mal conhecemos a profundidade dessa ilha:
“Era uma ilha que vivia no meio do oceano…. seu conceito sobre si mesma começou a mudar. Sempre se considerara uma porção de terra boiando à superfície da água, todas as outras ilhas também pensavam assim. Mas agora já não podia acreditar nisso. Uma ilha não terminava logo abaixo da linha das ondas. Continuava para baixo. Talvez uma ilha na verdade fosse uma… montanha! Sim, uma montanha com o pico fora d’água.”
Ou seja, à medida em que alargamos nossa ‘visão’ do universo, mal nos compreendemos e nos toleramos.
“O sentido da vida é buscar por sentido na vida”, repete Gleiser.
Balaio Caótico 