
“… não é incomum encontrar certa confusão entre as características dos quadros depressivos e melancólicos, como se fossem a mesma coisa. Não são.
As características ‘depressivas’ do melancólico (negativismo, falta de ânimo, falta de autoestima, fantasias autodestrutivas, distúrbios somáticos e outras tantas manifestações de dor psíquica) podem se parecer, empiricamente, com as dos depressivos.
Mas, a semelhança fenomenológica entre a tristeza e o abatimento dos melancólicos e dos depressivos não são manifestações da mesma estrutura psíquica.” (Maria Rita Kehl)
A melancolia pode ser abordada pela psicanálise; a depressão, porém, é assunto para psiquiatras.
A depressão é o distúrbio psiquiátrico mais comum no mundo. Estima-se que cerca de 350 milhões de pessoas apresentam um quadro de depressão clínica, embora, menos de um terço efetivamente procura pelo tratamento.
Ela provoca um constante estado de desânimo, exaustão, tristeza e angústia; o que é bem diferente da tristeza provocada por traumas, momentos difíceis ou desagradáveis.
Quando se sabe as razões pelas quais se está triste, normalmente não se trata de depressão. Nesta, em geral, não se sabe o que causa a angústia. Mesmo intercalando coisas boas, continua-se triste.
Suas causas ainda não são plenamente conhecidas. Aposta-se em alterações bioquímicas no cérebro, desequilíbrio hormonal, traumas de infância, elevado estresse físico e psicológico, falta de sono, doenças sistêmicas – como hipotireoidismo -, uso de drogas etc.
Entre os sinais, estão as “dificuldades com o sono, seja por não conseguir adormecer, ser difícil manter o sono ou ainda acordar mais cedo que o habitual com grande dificuldade em voltar a dormir. Alguns poucos depressivos experimentam o inverso, um aumento nas horas de sono”, alerta Cyro Masci, psiquiatra.
“A depressão não tem uma única causa. Geralmente é uma combinação de diversos fatores.
Existem os psicológicos (como uma intensa reação à perda de uma pessoa querida, por exemplo); fatores do ambiente (como ter que enfrentar uma situação de convívio com uma pessoa muito doente); fatores genéticos (que é a predisposição orgânica que cada pessoa traz ao nascer); fatores hormonais (como o baixo funcionamento da tireoide ou desbalanceamento de outros hormônios); e fatores bioquímicos cerebrais, nos transmissores químicos do cérebro.
Portanto, a depressão clínica é uma doença, como qualquer outra, e ninguém fica deprimido como uma punição por ter feito ‘algo de ruim’ – uma interpretação errada bastante comum em quem está deprimido.
Não é um defeito de caráter ou de personalidade. Não é sinal de fraqueza. Não é falta de força de vontade para superar suas dificuldades. E, na sua presença, é necessário procurar tratamento psiquiátrico, que consegue reduzir o sofrimento para um grande número de pessoas.” (Cyro Masci)
“Sei que daqui a um ano eu vou me sentir melhor.
Um ano passa rápido.
O que demora a passar é um minuto.” (Maria Rita Kehl)