
Há 1026 anfíbios identificados no Brasil. Desses, 70 (anuros) foram descritos por uma só pessoa: Werner Bokermann. “Nos seus 65 anos de vida, Werner descobriu em média mais de uma espécie de anfíbio por cada ano vivido”, registra Luiz Fernando de A. Figueiredo.
Bokermann nasceu em Botucatu, São Paulo, em 1929 e faleceu em 1995.
Era apaixonado pela vida animal, em especial, por aves e rãs.
Após concluir o curso ginasial, ingressou no Departamento de Zoologia da Secretaria da Agricultura de São Paulo como servente, em 1947. Em 1969 foi transferido para o Instituto Biológico, da USP. Sempre como servente.
Mas, seu conhecimento era tanto que, mesmo servente, ganhou uma bolsa para classificar a coleção de sapos do Smithsonian Institution, conta Nanuza Luíza de Menezes.
“Como autodidata desenvolveu profundos estudos sobre a sistemática e a biologia dos anfíbios anuros tropicais, destacando-se mundialmente como um dos maiores especialistas, sendo autor respeitado e citado em numerosos trabalhos publicados sobre a matéria.” (Antonio Silveira Ribeiro dos Santos)
Muitos recomendavam que fizesse um curso superior, para poder ser promovido. Ele, entretanto, se achava velho para ingressar numa universidade.
Finalmente, em 1977, aos 48 anos, licenciou-se em Ciências Biológicas. Depois fez mestrado e doutorado em Ciências Biológicas na USP. Em 1984 tornou-se chefe do setor de aves da Fundação Parque Zoológico de São Paulo.
Nessa função trabalhou até a sua morte, onde se dedicou “para desenvolver intensiva e vigorosamente o setor que estava sob sua direção” utilizando seus profundos conhecimentos, os quais também se estenderam aos anfíbios e a museologia.
Admiro pessoas com trajetórias traçadas pelo amor e corajosa determinação, como o exemplo de Bokermann. Pessoa de posses humildes e sem ‘formação’ tradicional, amparado apenas por seu autodidatismo. Vontade!