
A MENTIRA OFICIALIZADA
(…) O governo brasileiro por intermédio do seu primeiro magistrado não se peja de mentir, de ilaquear a boa-fé do povo, ministrando-lhe informações falsas, revoltantemente mentirosas, quando os próprios fatos ao alcance de todos os cidadãos se encarregam de dar-lhe solene desmentido. (…)”
O texto acima não é de nossos dias; é um editorial do Diário Carioca de 7 de março de 1930. O presidente mencionado era Washington Luís, que foi deposto antes de concluir seu mandato. Apesar de ter sido o criador do primeiro serviço de Inteligência do Brasil, em 1928, não conseguiu impedir o golpe de Estado.
Como as palavras – verdadeiras, mas principalmente as falsas – são ferramental da política, o golpe foi logo batizado de ‘Revolução de 30‘. O mesmo ocorreria em 1964, com a chamada ‘Revolução Redentora’.
Getúlio assumiu e logo encheu o governo de militares. Esses, entretanto, a partir de um dado momento, passaram a encarar a ‘revolução’ como privilégio da sua classe, a do “tenente desconhecido”. Algo parecido repetiu-se na Venezuela, a partir dos anos 90, com Chávez e Maduro. Funcionou: Vargas ficou até 1945, voltando depois nos braços do povo; na Venezuela, o ditador, apesar de Maduro, não cai. É um modelo tentador, a cooptação de militares; e milícias pessoais. ‘Democracia’ à força!
Lições! Os interessados aprendem. A sociedade nem se apercebe.