
Quanto depende do talento individual e quanto da capacidade de trabalho em conjunto dos membros da equipe? Nos esportes, nos negócios e em centros de pesquisa científica: o que é preciso para se criar uma equipe de sucesso?
“As pessoas se surpreendem quando o time dos sonhos perde”, diz Brian Uzzi. Às vezes, ao se deparar com um rival sem estrelas no time, a equipe de elite perde. Já vimos esse filme.
“Nós sabemos, que como indivíduos eles têm um bom desempenho. Está tudo aqui no papel. Ele sacudiu os documentos em sua mesa. – Mas que tal juntos?” (Philip K. Dick)
O interesse pelo comportamento coletivo não é novo.
Por ‘segurança’, os recrutadores vão atrás dos melhores. É o que se espera deles. Mas, uma seleção de estrelas não garante resultados. A soma das partes nem sempre é maior. O foco deveria ser a ‘construção de times’, equipes que crescem enquanto ‘jogam’.
“É preciso ter o talento como base. Mas o talento não engloba todo o seu potencial, a menos que se trabalhe em equipe. Quase tudo o que os seres humanos fazem hoje, em termos de geração de valor, não é mais feito individualmente, mas sim, por equipes. Quando as pessoas compartilham uma experiência positiva, há uma grande probabilidade de que conversem e se lembrem de detalhes vívidos, o que se torna a base para o aprendizado. Acontece o oposto quando se perde”, diz Uzzi.
O problema é saber quais são os outros fatores que contribuem para esse engrandecimento, além dos talentos. Um deles é um histórico – construído – de vitórias compartilhadas. Sinergia (como eles se coordenam no espaço ou “enxame”) e complementaridade são outros. O fato é que não somos bons em capturar as nuances da dinâmica coletiva.
Para Satyam Mukherjee, o histórico de sucessos compartilhados pode gerar prognósticos de desempenho melhor do que aquele esperado a partir da composição e talentos do grupo.
Dados das ciências sociais sobre a tomada de decisão individual, com a ajuda da ciência da Complexidade, têm melhorado a compreensão do desempenho de grupos: como uma equipe sincroniza, quando as contribuições são sinérgicas em oposição a aditivas, e se é a habilidade dos jogadores ou as estratégias que eles usam que são mais importantes.
Sam Walker argumenta que a chave para o desempenho da equipe é a liderança, definida não pelo carisma, mas pela capacidade de resolver conflitos e melhorar o moral nos bastidores .
Ruth Benedict propôs a cultura como um fator no desempenho humano. Alguns ambientes promovem a criatividade e a exploração e, assim, facilitam descobertas positivas relacionadas ao acaso.
Por falar em acaso, o desempenho não é garantido, mesmo com os indivíduos mais talentosos, um ambiente cultural construtivo e uma organização rica em recursos, com “todos os detalhes cobertos”. A sorte desempenha um papel no desempenho, embora sua importância varie entre os domínios, afirma Michael Mauboussin.
Mas, sorte e acaso são sinônimos?
“Sorte não é acaso
É labuta
Sorriso caro da fortuna
É merecido
O pai da mina
É aquela moeda antiquada
Nós rejeitamos” (Emily Dickinson)
(Fontes: Jessica Flack (Santa Fe Institute), Cade Massey (Wharton) e Kellogg Insight, da Kellogg School of Management)