Felicidade e ressentimento

Para Nietzsche, o ser humano declina. Seu grande medo é que o ressentimento se torne de tal forma contagioso e perigoso que consiga operar uma inversão dos valores. O ressentido exala vingança e impotência.

Vivemos à busca da felicidade, mercadoria rara. Inexistente. Não existe a tal ‘felicidade’. Nem um ‘modelo de sucesso’ que a garanta. Aqui, ou no pós-vida. Só promessas. Não nascemos para sermos felizes. Até no Éden havia tédio. Nascemos para as aventuras da vida, com momentos prazerosos e muitos, desgostosos. Tragédias às vezes sucedem eventos positivos.

Coitados dos que têm como objetivo único de vida “conquistar o máximo de dinheiro e bens materiais, mesmo que esta busca resulte em péssimos relacionamentos, falta de convívio com a família, hábitos alimentares ruins, insônia, baixa imunidade, egoísmo, trapaça e falta de empatia”, alerta Luiz Gaziri.

O pensar de forma aberta e com expectativas, o pensar ‘positivamente’, entretanto, é importante.

Barbara Fredrickson, constatou numa pesquisa, que pessoas levadas a sentir serenidade ou admiração (emoções positivas) fizeram uma lista “do que fazer agora” mais extensa, o que aumentava suas possibilidades, em relação aos que foram levados a sentir raiva ou medo (emoções negativas). Faz sentido. Ficaram mais motivados.

Ela descobriu, também, que as pessoas tendem a não ter uma visão do todo. A vida lhe parece fragmentos. A visão do todo, dependia do estado emocional deles. E, interessante, descobriu que algo incrível acontece quando se está sorrindo: você fica mais motivado, percebe mais possibilidades, consegue visualizar as coisas como um todo e, portanto, tende a ser mais motivado.

Coisas da Psicologia Positiva.

“… ao viverem emoções positivas frequentemente, as pessoas que são mais satisfeitas com as suas vidas, têm melhores relacionamentos amorosos e de amizade, aproveitam mais o presente, gostam mais de si mesmas, têm sinais menores de depressão, são mais otimistas, entendem melhor o propósito das suas vidas, constroem melhores hábitos mentais, têm interações sociais de mais qualidade, demonstram mais resiliência, apresentam menores níveis de hormônios relacionados ao estresse, têm sistemas imunológicos melhores, sofrem menos de pressão alta, têm menos dores, menor probabilidade de ficarem gripados, dormem melhor, apresentam menor chance de ter hipertensão, diabetes, infarto e, não surpreendentemente, vivem mais.” (Luiz Gaziri)

Novamente, faz todo o sentido.

E os que não têm essa atitude ‘positiva’? Tendem a ver a vida só armando contra eles. Buscam nos outros a culpa pelo que não são ou pelo que não puderam fazer. Ao não poderem lidar com seus próprios limites – muitos imaginários – se vitimizam.

São os ressentidos.

“O ressentimento é uma constelação afetiva que serve aos conflitos característicos do homem contemporâneo, entre as exigências e as configurações imaginárias próprias do individualismo e os mecanismos de defesa do ‘eu’ a serviço do narcisismo.” (Maria Rita Kehl)

Ser ‘passado para trás’, leva o perdedor a se sentir ‘prejudicado’. Resta a mágoa de um mundo perdido.

Na política, um prato cheio.

O que são os ladrões e corruptos, senão ressentidos?

“Levamos a vida inteira esperando alguma coisa. Primeiro, sentimos-nos ofendidos e queremos vingança. Depois, esperamos. Já fazia muito tempo que esperava. Não sabia mais a que ponto o rancor e a sede de vingança tinham se transformado em espera.” (Sándor Márai)

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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