
Abril de 1917. Lênin escapa de Zurique – com o apoio dos alemães, sabendo que ele minaria as forças russas – e enquanto vai para Petrogrado (Leningrado e agora São Petersburgo), rumo à famosa estação Finlândia, escreve as ‘Teses de Abril’. Esse será seu discurso que pretende transformar seu partido em majoritário entre os sovietes (Conselhos).
Relembrando, rapidamente: em fevereiro de 1917, o czar renuncia; assume um governo provisório. Esse governo divide o poder com os conselhos revolucionários diretamente eleitos pelos trabalhadores, os sovietes.
O discurso de Lênin enfatizava que o poder ficaria nas mãos dos sovietes – autogestão plena. Não foi o que ocorreu, claro. O poder ficou nas mãos de uma elite, a Nomenklatura, a burocracia, ou “casta dirigente”. Como em todos os lugares. Hipocritamente, depois se autodenominaram ‘repúblicas soviéticas’!
A fraude foi logo desmascarada por Rosa Luxemburgo, Emma Goldman e Alexander Berkman (marido de Emma), entre outros, silenciados.
“A Revolução Russa falhou — falhou em seu propósito último”, diz Alexander. Para em seguida remendar: “Mas esta falha é temporária”, sonhava.
Alguns pontos das Teses de Abril, de Lênin:
- Não se pode prestar nenhum apoio ao governo provisório.
- Explicar às massas que os sovietes de deputados operários são a única forma possível de governo revolucionário.
- Não se pode apoiar uma república parlamentar, (…) mas uma república de sovietes de deputados operários, trabalhadores agrícolas e camponeses no país inteiro, de alto a baixo.
- Há que suprimir a polícia, o exército e o corpo de funcionários. (…)
Acreditaram nisso. As pessoas acreditam no que querem acreditar. Os políticos só têm que descobrir o que querem crer. Quando escutam o que lhes faz ‘sentido’, passa a ser a verdade. A ‘verdade’, com boa caixa de ressonância (propaganda), torna-se dogma, base de fanatismos.
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