
A chamada Revolta dos Mucker foi um conflito de cunho religioso e social, entre 1869 e 1874, em São Leopoldo (atual Sapiranga), no Rio Grande do Sul. Seus líderes foram Jacobina Mentz Maurer e seu marido, João Maurer.
Essa história começa com a imigração alemã para o Brasil, estimulada por d. Leopoldina. Os alemães basearam-se em São Leopoldo. Pobres, sem o apoio prometido, levavam uma vida dura, amparada na fé (católica ou luterana, principalmente).
Jacobina Mentz, desde criança entrava em momentos de transe e conseguia diagnosticar doenças, apresentava-se como a própria encarnação de Cristo. Era sonâmbula e epiléptica.
João Maurer era, além de agricultor e carpinteiro, um curandeiro a quem os colonos confiavam sua saúde.
Casaram-se em 1866. Anos depois ela trocou o marido pelo jovem Rodolfo Sehn e, a mulher deste passou a viver com o Maurer.
O casal e seus seguidores passaram a ser acusados de separatismo por se afastarem da igreja e da comunidade, professando uma variação mais ortodoxa da fé cristã, com cores de fanatismo. Socialmente defendiam ideias ‘estranhas’, como a posse comum da terra e dos rebanhos; uma espécie de comuna primitiva.
A expressão mucker, do alemão, significa ‘falso religioso’, ‘santarrão’, ou ‘falso beato’, e era assim que os seguidores de Jacobina eram vistos pela comunidade protestante germânica da região.
Essa insatisfação logo se transformou em repressão: em 1873, João Maurer ficou preso por 45 dias e proibiram reuniões em sua casa. Depois, 32 frequentadores da casa dos Maurer foram presos sem acusação formal. Em resposta, um atentado ao inspetor encarregado de fiscalizar a proibição de reuniões e, um ex-seguidor (suposto traidor) teve sua casa incendiada, morrendo seus filhos e sua mulher. Como represália, várias casas de seguidores foram incendiadas.
Em junho de 1874, tentaram prender a família Maurer. Houve reação: 4 mortos e 30 feridos. No mês seguinte, uma força militar acrescida de 150 colonos alemães voluntários, atacou novamente e incendiou a casa do casal Maurer. Morreram 12 homens e 8 mulheres Muckers. O casal fugiu.
No dia seguinte, o acampamento das tropas governistas é atacado. O coronel Genuíno Olímpio Sampaio, responsável pela repressão é atingido e morre.
No outro dia, um novo ataque ao reduto dos Muckers: 5 mortos e 6 feridos do Exército.
Em agosto, houve o último ataque aos Muckers: morreram 17 deles, entre eles Jacobina Maurer. João Maurer sumiu.
De fato, não acabou ali. Em 1897, alguns remanescentes do movimento voltaram a atacar velhos adversários, degolando-os ou matando-os a tiros. A polícia ignorou. Cerca de duzentos colonos se reuniram e mataram cinco fanáticos em janeiro de 1898.
Esse assunto é, ainda, evitado entre os descendentes.
Anos depois, Canudos iria repetir, de certa forma, o movimento, com números muito superiores.