
Não sou de eleger mitos, mas Sean Connery foi um ídolo para mim.
Seus papéis com James Bond são inesquecíveis. Foi co-autor do personagem, além de Ian Fleming. Sua fleugma, vivacidade, elegância sem refinamentos e bom humor criaram espécie.
Não me apercebia que já tinha 90 anos. Não pensava que fosse mortal. Melhorava enquanto envelhecia.
A morte me leva a pensar na vida. Segundo Borges, o tempo é a substância formadora dos homens. Pro bem ou pro mal, sabemos.
A vida pode ser uma coleção de frustrações, tudo que poderíamos ter sido e não fomos. Mas, também, uma caixa de surpresas, com descobertas que nem nossa mãe apostaria.
Nossa vida é vista como o nosso futuro; parece que não vivemos um passado. Quem não se compraz com sua história não terá vivido, de fato; só ocupado espaços.
Nossa vida é pautada por desejos, que estão no futuro. Octavio Paz dizia que vemos o futuro como ideal e relativo: apostamos todas as fichas no tempo que virá, e se não dá certo, o reinventamos.
E o passado, o vivido? Isso é o que conta. Espero que meu ator preferido (os críticos diziam que ele era péssimo ator) tenha morrido em paz com sua história, que influenciou a tantos!