Este é o mapa da Produtividade no qual o sujeito produtor é a natureza. A natureza, aqui não é passiva, a produção econômica funcionaria a partir dela. Ressalta-se a noção de produção natural com a geração de riqueza econômica. Vejam o tamanho do Brasil!
Estamos falando da bioeconomia, ou economia verde, que não opõe ‘natureza’ a ‘desenvolvimento’.
É disso que trata o novo livro de Jorge Caldeira, em parceria com Julia Marisa Sekula e Luana Schabib: “Brasil – Paraíso Restaurável”.
O ‘conhecimento’ tem nos afastado, ao longo de milênios, do relacionamento original com a natureza; ela foi apartada, é vista como o alvo a ser domado, a servir à humanidade.
Avicena, por volta do ano 1000 falava do “sensus naturae“, que extrapolava os limites do conhecimento racional. Guilherme de Auvergne, bispo na década de 1220, assumia o sensus naturae e anima mundi, como ideias da alma do mundo que percorre todas as coisas.
Essa ideia, partilhada por filosofias orientais e muitos povos nativos por aqui, que via a natureza como mãe dadivosa e escritura sagrada que mostrava por exemplos, foi perdida.
O mundo, independentemente de governos, tem reagido – embora lentamente – à degradação do ambiente, talvez a tempo de escapar à resposta da natureza.
Com relação a energia, muitos predizem que as fontes eólica e solar serão responsáveis por mais da metade da geração global de energia.

Em dezembro do ano passado, a União Européia celebrou o “Green New Deal“, ou “Pacto Verde”:
“O Pacto Verde é a nossa visão de um continente neutro em termos de clima em 2050 e, por outro lado, um roteiro detalhado para cumprimento desta meta. São cinquenta ações previstas até 2050. (…)
O Pacto Verde Europeu trata de reduzir as emissões e, também, da criação de empregos e de incentivos à inovação.” (Ursula von der Leyen)
A China definiu que quer ser um dos pioneiros da economia sustentável. É possível. Em 1976, ela disputava com o Brasil o 10º lugar no ranking do PIB; já em 2000 chegou ao segundo lugar.
Durante muito tempo, as autoridades chinesas não se preocupavam com o meio ambiente; só o PIB importava. Mas, o custo do desabastecimento de água, da perda de terras agricultáveis e os danos à saúde representavam 18% desse PIB.
Agora, ela também quer ser neutra em carbono e, o maior fornecedor mundial de equipamentos industriais para a produção de energia limpa.
“Por que a proteção do ambiente é um tema importante? Um dos princípios básicos da cultura tradicional chinesa é o da harmonia entre homens e natureza.
Assim é a visão confucionista de que homens e natureza formam um todo único, a intuição taoista do Tao como reflexo da natureza ou a crença budista de que todos os organismos vivos são iguais.” (Pan Yue, vice-ministro do Meio Ambiente da China)
Resultados: só em 2017 foram inauguradas usinas solares com produção equivalente a 4 Itaipus.
E as florestas? Há quem leia o dito “Dinheiro não dá em árvores“, como um recado para queimá-las.
Não é necessário falar do valor ‘econômico’ da árvore em pé. A diversidade é um dos principais tesouros. Cerca de 3/4 de todas as drogas medicinais de origem vegetal atualmente em uso provêm de fórmulas aperfeiçoadas pelos índios e, ainda há muitas espécies cujo uso conhecem e são desconhecidas pelos ocidentais.
O governo federal divulgou, nesta segunda-feira, a Estratégia Federal de Desenvolvimento para o Brasil no período de 2020 a 2031. Um PND, como aqueles da ditadura, com outro nome. Fiquei impressionado; está tudo ali para fazer o país rico e com reduções de desigualdades. Faltam as metas e um coordenador. Trabalho bonito de se ver, mas de baixa credibilidade.
Há três cenários: o de ‘referência’, morno; o ‘transformador’, fantástico e, um sem nome, o infame, feito apenas para avaliar as possíveis consequências de um quadro de desajuste fiscal explosivo.
O Eixo Ambiental, o penúltimo (o último é o Social) objetiva “promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais, com foco na qualidade ambiental como um dos aspectos fundamentais da qualidade de vida das pessoas, conciliando a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico e social”.
Tudo está assinado por Paulo Guedes e pelo presidente. Espero que, pelo menos, o tenham lido.