
Teilhard de Chardin era um teólogo, mas também um cientista evolucionista e, de certa forma, um pensador do futuro.
Entendia que a história do pensamento resultaria na formação de uma “esfera” pensante sobre a Terra, a ‘noosfera’.
“A partir da gênese da Vida no Mundo, as primeiras formas viventes manifestaram-se em Complexidade orgânica e em crescimento psíquico. Através do desdobramento da Biosfera, revelaram-se a expansão dos seres vivos e a ascensão do psiquismo, até a aparição do Pensamento no Homo Sapiens. A presença do Homo Sapiens forma a Noosfera, o que envolve o nascimento das Culturas e Civilizações como o processo de Socialização”, resume Gleidson Luiz Cabral Santos.
Com esse conceito, a noosfera, “o envoltório pensante da Terra“, Teilhard chegou a uma vaga previsão da Internet, mais de uma década antes da invenção do microcircuito integrado.
A rigor, o termo ‘noosfera’ não foi criado por Teilhard.
Antes, Vladimir Ivanovich Vernadsky, um geoquímico russo (1863-1945), já definia a noosfera como a terceira etapa no desenvolvimento da Terra, depois da geosfera (matéria inanimada) e da biosfera (vida biológica). Assim como o surgimento da vida teria transformado significativamente a geosfera, o surgimento do conhecimento humano, e os consequentes efeitos das ciências aplicadas sobre a natureza, teria alterado igualmente a biosfera.
O que ambos não previram foi o efeito deletério da atuação dessa ‘noosfera’ sobre a biosfera. Não há certeza de que estejamos evoluindo; há sinais de regressão.
Mas, essa impressão otimista com relação à evolução da humanidade é frequente entre pensadores:
“À medida que o homem evolui em sua civilização e as pequenas tribos unem-se em comunidades maiores, o argumento mais simples mostra a cada indivíduo que ele deve estender seus instintos e simpatias sociais a todos os membros da mesma nação, mesmo que pessoalmente lhe sejam desconhecidos. Uma vez atingido esse ponto, há só uma barreira artificial impedindo que suas simpatias estendam-se aos homens de todas as nações e raças.” (Charles Darwin)
“Quanto mais de perto examinamos o turbilhão da evolução biológica e, principalmente, o da história humana, mais parece haver um objetivo em tudo isso. Os dois processos têm uma direção, um rumo.” (Robert Wright)
Henri Bergson acreditava que a evolução orgânica seria impulsionada por um misterioso ‘élan vital’, uma força vital.
Haverá mesmo uma convergência para o melhor, ou a história humana é cíclica e sujeita a ‘abismos civilizatórios’?