
Chegamos ao ponto de, reiteradamente, a saúde pública ser um joguete político.
O presidente afirmou hoje que a vacina Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, “não será comprada” pelo governo brasileiro.
O atual presidente apela para argumentos ideológicos. Tenta criar uma nova ‘guerra fria’ – agora entre o Ocidente cristão-democrático e a China ‘comunista-ditatorial’, para agradar ao líder do Norte e manter um discurso alimentado por ‘inimigos’ (a Rússia não pode ser o oponente porque contrariaria Trump). Ao mesmo tempo, alimenta a loucura de grande parte de seus seguidores, negacionistas, que contesta vacinas.
O presidente é cristão? Um cristianismo que não prega o amor, só o ódio; sua preocupação com a vida e com os pobres vai até onde o interesse eleitoral exige. É democrático? Ou ainda não conseguiu implantar um regime ‘ideal’, autoritário? A China é comunista? O capitalismo tem muito a aprender com esse ‘comunismo’. É ditatorial, sim, restringe liberdades, mas é o sonho de muitos governantes ocidentais.
O país segue com um único ‘projeto’: o da reeleição do ‘mito’. Para isso, argumentos ideológicos reforçam necessidades eleitorais.
Gostei muito da frase de Luciano Huck, um possível inimigo em 2022: “Somos um país rico por natureza e pobre por escolha.”
A “vacina chinesa”, assim como todas as vacinas licenciadas para uso humano passam por rigores científicos que verificam suas segurança e eficácia. Isso é papel da Anvisa, agora em mãos confiáveis do presidente.
A vida humana é secundária. Prevalecem os jogos eleitorais. Somos reféns desses interesses.
O ministro da Saúde foi desautorizado, como os demais anteriores. Como ele é general, obedece. Uma pena. As Forças Armadas novamente são manipuladas – na minha opinião – por interesses políticos que se utilizam do respeito que a população tem por elas para atendimento a propósitos de elites, pessoais ou familiares.