Zhu Di foi o terceiro imperador da dinastia Ming; reinou de 1402 a 1424.
Ele inicialmente aceitou a nomeação que seu pai fizera para sua sucessão: seu irmão mais velho, Zhu Biao e, depois, seu sobrinho Zhu Yunwen como príncipe herdeiro.
Entretanto, quando Zhu Yunwen ascendeu ao trono como imperador de Jianwen começou a executar e rebaixar seus tios poderosos. Zhu Di encontrou aí um pretexto para se rebelar contra seu sobrinho.
Jianwen maltratava os eunucos e favorecia os burocratas-acadêmicos confucionistas. Os eunucos se aliaram a Zhu Di. Em 1402, ele derrubou seu sobrinho e ocupou a capital imperial, Nanjing, e foi proclamado Imperador, adotando o nome Yongle, que significa “felicidade perpétua”.
Por segurança, o filho mais novo do Imperador Jianwen, que sobreviveu, ficou preso pelos próximos 55 anos e, fez um expurgo massivo dos estudiosos confucionistas.
A lei chinesa permitia a punição de famílias junto com seus líderes. A prática se aplicava a rebeldes e traidores com a execução por mil cortes, bem como a morte de seus avós, pais, tios e tias, irmãos por nascimento ou por vínculo, filhos, sobrinhos e sobrinhas, netos e todos coabitantes da família. Crianças às vezes eram poupadas e as mulheres podiam escolher a escravidão.
Um dos burocratas que se opôs a Zhu Di foi Fang Xiaoru, o ex-tutor do Imperador Jianwen. Foi condenado à execução em 10 graus de parentesco: junto com toda a sua família, todos os ex-alunos ou pares foram mortos.
Detalhes.
Mas, Zhu Di passou à história como um dos melhores imperadores. Ele consertou e reabriu o Grande Canal, dirigiu a construção da Cidade Proibida e a Torre de Porcelana de Nanjing, considerada uma das maravilhas do mundo até sua destruição por rebeldes em 1856.
Patrocinou o confucionismo e o budismo tibetano. Chegou a convidar o Gyalwa Karmapa, o líder da escola Kagyu do budismo tibetano para visitar a capital imperial. Este convenceu o imperador de que havia religiões diferentes para pessoas diferentes, o que não significa que uma seja melhor que as outras. De fato, o imperador era tolerante com as demais religiões, como o taoismo e o islamismo (construiu duas mesquitas).
Valorizava a cultura. Ele encarregou seu principal Secretário de escrever uma compilação de cada assunto e cada livro conhecido dos chineses. O objetivo desse grande projeto era preservar a cultura e a literatura chinesas por escrito. O livro, batizado de Enciclopédia Yongle, ainda é considerado uma das mais maravilhosas conquistas humanas da história.
Ele desejava expandir a influência chinesa em todo o mundo conhecido.
Patrocinou viagens de longo prazo, lideradas pelo almirante Zheng He, seu mais fiel eunuco, muçulmano.
As expedições de Zheng He foram grandes explorações marítimas do mundo (embora os chineses possam ter navegado para a Arábia, Leste da África e Egito desde a dinastia Tang ou antes).
A primeira expedição foi lançada em 1405 (18 anos antes de D. Henrique, o Navegador, iniciar as viagens de descoberta de Portugal). Sete expedições foram lançadas entre 1405 e 1433, alcançando os principais centros comerciais da Ásia e o nordeste da África.
Há hipóteses (ver Gavin Menzies) de que eles tenham chegado à Austrália e às Américas.
Alguns dos navios usados foram aparentemente os maiores navios de madeira movidos a vela da história humana.
As expedições chinesas foram uma conquista técnica e logística notável. Os sucessores do imperador Yongle sentiram que as expedições eram caras e prejudiciais ao Império Ming. O Imperador Hongxi proibiu novas expedições e os descendentes do Imperador Xuande suprimiram muitas das informações sobre as viagens de Zheng He. A razão pode ter sido, alega-se, que todas as árvores haviam sido consumidas na construção dos navios.
É muito provável que os chineses tenham visitado a Itália em 1434. Isso explicaria muito do fermento que levou ao Renascimento: as invenções chinesas e os mapas-mundi, que chegaram ao conhecimento de Colombo e de Fernão de Magalhães.