
Na Vila Mariana, em São Paulo, há uma rua com nome complicado: rua Alberto Loefgren. Poucos sabem de quem se trata – como aliás ocorre com a vasta maioria dos nomes de ruas em nossas cidades; só a cidade de São Paulo tem cerca de 50 mil logradouros.
Mas, nessa época de devastação consentida de nossos biomas, convém lembrar o papel de Johan Albert Constantin Löfgren, sueco que escolheu o Brasil para viver (entre 1874 e 1918, quando morreu) e que aqui foi chamado como Alberto Loefgren.
Ele organizou o serviço meteorológico em São Paulo e no Rio. Estudou a flora brasileira sob a ótica evolucionista, inclusive a vegetação do cerrado.
Seus estudos sobre o potencial agrícola paulista e do semiárido nordestino o levaram a condenar as queimadas e a dedicação exclusiva às monoculturas. Denunciou os danos ambientais decorrentes do crescimento desordenado das cidades e do avanço ‘inconsequente’ das atividades econômicas, principalmente a devastação das matas para atender às ferrovias.
“Sua maior luta foi pela implantação de um serviço florestal que, por força de lei, garantisse a conservação das florestas”, diz Adriana Persiani.
Foi um dos pioneiros do conservacionismo no Brasil. Criou o Horto Botânico da Cantareira, em 1896. Do Horto, surgiu em 1911, o Serviço Florestal, com a finalidade de cuidar da conservação, pesquisa e produção florestal no estado e, em 1970, transformou-se no Instituto Florestal, que administra 47 áreas verdes. Nestas estão 14 florestas estaduais de Mata Atlântica e 10 estações ecológicas.
Fez uma campanha, em 1901, para que as crianças cultuassem as árvores – pelo menos um dia do ano. Pretendia inspirar aos “homens do amanhã o amor pelas florestas, que resultam em proteção contra os prejuízos da areia movediça; dos ventos; preservação das nascentes; aumento da beleza das passagens e alimento, sendo que tudo isso resulta de importância para o povo e para o País”.
Como veria o entendimento oficial vigente, de que florestas impedem o usufruto das riquezas do subsolo e as expansões da monocultura e da boiada?