
Na semana passada, houve a abertura de uma grande fazenda solar – a segunda maior do mundo – na província noroeste de Qinghai, na China.
O projeto é uma colaboração entre a empresa chinesa Sungrow, especializada em inversores para fontes de energia renováveis, e a empresa estatal Huanghe Hydropower Development. Sua capacidade de 2,2 gigawatts o torna atrás apenas do parque solar indiano Bhadla, que foi inaugurado no ano passado e tem capacidade de 2,5 gigawatts.
Ambos esmagam a líder americana em geração de energia solar, que atualmente é a fazenda Solar Star, próxima a Los Angeles. Ela usa mais de 1,7 milhões de painéis solares para gerar 579 megawatts de energia, o suficiente para abastecer 255.000 residências.
A planta de Qinghai – localizada no deserto, nos arredores de uma cidade de 1,4 milhão de habitantes chamada Xining – não só gerará quase quatro vezes mais eletricidade do que a planta de LA, como também será capaz de armazenar muita dela, com 202,8 megawatts-hora de capacidade de armazenamento.
Então, por que uma cidade relativamente pequena (para a China) precisa de tanta energia?
A fazenda solar não foi construída com a intenção de fornecer energia às comunidades próximas. Em vez disso, o local está conectado a uma linha de energia de 800 quilovolts que percorrerá 1.587 quilômetros ao leste através de várias províncias.
A linha de ultra-alta tensão minimiza a quantidade de energia perdida no trânsito, usando uma alta tensão de corrente contínua, que flui através dos condutores de maneira mais uniforme do que a corrente alternada.
Se você olhar um mapa da China, fica claro que a maior parte da população do país reside em cidades espalhadas pelo leste e sul. Várias são megacidades com mais de 10 milhões de habitantes – Xangai, Pequim, Shenzhen e Chengdu, para citar algumas – e, além dessas gigantes, existem 113 cidades com mais de um milhão de pessoas. Para efeito de comparação, apenas 10 cidades nos Estados Unidos têm mais de um milhão de habitantes.
O Partido Comunista Chinês tem um plano ambicioso para construir a maior super-rede (supergrid) do mundo, que conectará seis redes regionais diferentes e transportará energia de fontes renováveis do oeste para o leste.
E no mês passado, o presidente Xi Jinping prometeu antes da Assembleia Geral da ONU que a China alcançará a neutralidade de carbono – o que significa que sequestrará mais carbono do que emite – até 2060. Xi também disse que o país alcançaria seu pico de emissões de dióxido de carbono em 10 anos, até 2030.
Atualmente, a China emite mais carbono do que qualquer outra nação do mundo, portanto, essas não são metas pequenas. Os especialistas estimam que o cumprimento das metas envolverá mais de US$ 5 trilhões em investimentos.
Se a China for capaz de cumprir essas promessas, terá o maior impacto, de longe, de qualquer compromisso neutro em carbono feito por outros países ou empresas.
Abrir a segunda maior usina de energia solar do mundo pode ser apenas uma gota no oceano, mas é um bom começo.