
Ajuricaba era chefe dos índios ‘manau’ e liderou as tribos do rio Negro na guerra contra os colonialistas portugueses, na terceira década do século XVIII.
Ele liderou mais de trinta nações indígenas contra os portugueses por muitos anos e perdeu, o que levou seu povo à extinção. Ele era um ‘tuxaua‘, da grande família ‘aruaque’, nascido em 1700.
A região do rio Negro era “habitada por inumeráveis pagãos. Ele possuem um chefe (…) que chamam de Rei, e ele dirige várias tribos subjugadas ao seu domínio e é por elas obedecido com grande respeito. As aldeias e gentes desse rio são grandes e suas casas circulares e fortificadas por cercas. Se esse território for colonizado pelos portugueses, nós poderemos fazer dali um império e poderemos dominar todo o Amazonas e outros rios. “(Maurício de Heriarte, 1665)
Muitos índios já haviam sido levados para a escravidão.
A partir de 1720, os portugueses começaram a ouvir falar do tuxaua Ajuricaba, que se tornaria a maior personalidade indígena da história da Amazônia.
No começo ele não hostilizou os portugueses; procurou ser ‘diplomata’. Enquanto isso, foi unindo as diversas tribos sob uma confederação tribal, o que era inédito; os índios sempre rechaçavam qualquer tipo de poder centralizador. Mas, sua pulverização os tornava alvos fáceis para captura. Em quatro anos de paciente persuasão, conseguiu unir mais de trinta nações.
Ele aprendeu a distinguir os vários invasores: do norte surgiam ingleses, holandes, franceses e espanhóis; do sul, os violentos portugueses. Ele negociou armas de fogo, pólvora e instrutores com os holandeses; com os ingleses, pólvora, chumbo e armas brancas.
Em 1723, sentiu-se preparado para atacar os portugueses. Destruiu todos os núcleos de colonos do médio rio Negro e atacou as tribos que apoiavam os portugueses. Na sua canoa havia uma bandeira da Holanda, o que irritava ainda mais aos portugueses.
João da Maia da Gama, governador da província, escreveu:
“… todas as tribos do rio e com exceção daquelas que estão conosco e contam com missionários são assassinas de meus vassalos e aliadas dos Holandeses. Eles impedem a propagação da fé e continuamente roubam e assaltam meus vassalos, comem carne humana, e vivem como bestas, desafiando a lei natural …
Eles não apenas têm o uso de armas mas também se entrincheiraram em cercados de pau e barro e com muros de vigilância e defesa. (…)
O padre jesuíta José de Souza foi propor a Ajuricaba uma solução negociada. Conseguiu com que a bandeira da Holanda fosse trocada pela de Portugal e a troca de cinquenta escravos por pagamento. Mal o jesuíta saiu, Ajuricaba recomeçou os ataques; não libertou os escravos e ficou com o dinheiro. Sabia que não podia confiar nos portugueses.
Em 1728, os portugueses organizaram uma poderosa força punitiva. Ajuricaba foi preso, posto a ferros junto com outros guerreiros e transportado para Belém, onde todos seriam vendidos como escravos. Mas,
“Quando Ajuricaba estava vindo como prisioneiros para a cidade, e já estava em suas águas, ele e seus homens se levantaram na canoa em que se encontravam acorrentados e tentaram matar os soldados. Esses tomaram de suas armas e bateram em alguns e mataram outros. Ajuricaba então pulou no mar com um outro chefe e não reapareceu.” (João Paes do Amaral, capitão da força portuguesa)
“Ajuricaba pulou da canoa de seus opressores para as águas da memória popular, libertando-se dos grilhões e ressuscitando como um símbolo de coragem, liberdade e inspiração”, registra Márcio Souza.
A atitude de Ajuricaba repercutiu nas ações de diversos líderes indígenas que se rebelaram e enfrentaram os colonizadores, mesmo em desvantagem.
O ilustre Dorgival Soares da Silva é uma das cabeças privilegiadas do nosso país. Parabéns!
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A colonização dos indígenas trouxe grande prejuízo ao Brasil. Apesar que várias tribos eram altamente agressivas , porém, não temos nem tribos colonizadas é nem colonizados para defender as florestas. Hoje é o caos . Os invasores devastaram as terras , dizimaram os guardiões das florestas. É um caos total é um Ministro que apoia” passar a boiada”.
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