Reinvenções da Sony

Akio Morita – ESL Library
(Akio Morita)

Nos anos 50, Akio Morita visitou o Ocidente e ficou humilhado com a percepção da origem “Made in Japan”. Significava produto ruim, mal-acabado, de segunda classe. Algo como ocorreu depois com os produtos coreanos e chineses – estes em rápida transformação.

Os produtos brasileiros estão nessa fase, pouco confiáveis – sem tradição, sem marcas ‘fortes’, confiáveis – salvo raras exceções (Embraer, Weg, Fanem …).

A impressão ruim, ao invés de resigná-lo, serviu para levantar o moral e mostrar do que eles, japoneses, seriam capazes.

O Japão do pós-guerra era uma incógnita. Os planos expansionistas, belicistas, foram apostas erradas e trágicas. O país voltava-se para sua única força, seu povo. Sem recursos naturais, contando só com a energia e autoconfiança da população, apesar do fracasso na guerra, sua elite empresarial e política traçou novos caminhos: a ambição expansionista continuaria, mas com a invasão dos mercados, ao invés dos territórios. Ao contrário da agressão, a sutileza.

Nesse contexto a Sony floresceu. Sua principal característica não é, na minha opinião, sua inventividade, apesar de ter lançado inovações como o rádio transistorizados em massa, a televisão Triniton, os toca-fitas Walkman e os PlayStations, entre outros produtos, que a transformaram na número um em aparelhos eletrônicos, na virada do século.

O que a Sony tem de mais admirável é sua capacidade de se reinventar. Os insucessos são, talvez, tantos quantos os que viraram referências no mercado, a começar pela panela de cozinhar arroz (do início da carreira de Akio), ao vídeo Betamax, o Librie (primeiro leitor de livro com tinta eletrônica) ou o AirBoard

E, perdeu a chance de liderar nalgumas ondas, como o da tela plana e celular.

Ultimamente, as linhas de eletrônicos não são o ‘core’, representando 21% de suas receitas no primeiro trimestre fiscal deste ano; entretenimentos chegam a 31%, e games, 25% (afetado pela mudança de plataforma).

Há tempos que seus engenheiros reclamam de serem relegados a um segundo plano, com o favorecimento da área de marketing. Talvez tenha esquecido uma das lições de Akio Morita: “Os ocidentais se preocupam demais com pesquisas de mercado.”

“No Japão, imaginamos a empresa como uma família. Os operários e a administração estão no mesmo barco. A harmonia é o elemento mais importante numa organização.

Acreditamos que uma das coisas mais importantes numa companhia é o moral dos trabalhadores; se eles perdem seu entusiasmo pela empresa, esta talvez não sobreviva por muito tempo.” (Akio Morita)

A Sony, novamente, passa por reformulações que incluem o encerramento de sua última planta fabril na Zona Franca. As vendas consolidadas no último ano fiscal caíram ao redor de 5%, mas os lucros diminuíram em 36%. Algo precisaria ser feito. Talvez olhar para suas origens.

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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