
Diágoras, foi um poeta e sofista grego do século V a.C. Era apelidado de “o ateu”.
Acredita-se que ele tenha sido o primeiro a dizer que a religião foi criada pelos governantes para assustar as pessoas de modo a fazê-las seguir uma ordem moral. Foi discípulo de Demócrito. Acabou expulso de Atenas, acusado de Impiedade (falta de consideração pelas condutas religiosas públicas).
Prezava a liberdade, sempre ameaçada pela pretensa condução de outros, políticos e religiosos. Em muito antecipava-se a Montesquieu:
“A liberdade é um bem tão apreciado que queremos ser donos até da alheia.”
Montaigne o cita nos “Ensaios”, ao falar sobre prognósticos e oráculos:
“Diágoras, o ateu, estando em Samotrácia, respondeu do seguinte modo a alguém que lhe mostrou num templo muitas oferendas e quadros levados por pessoas que se tinham salvo de um naufrágio: – ‘E que pensais agora, disseram-lhe, vós que acreditais que os deuses menosprezam ocupar-se das coisas humanas, que dizeis de tantos homens salvos pela sua ajuda?’
– É muito simples, contestou; não se vêem senão as ofertas dos que se livraram; as dos que pereceram, que foram em maior número, não figuram.”
No século XVII, tivemos Jean Meslier, um padre, materialista e ateu! Ele se opunha ao “cogito teocêntrico” de Santo Agostinho e de Descartes. Defendia um “cogito cosmocêntrico” (Penso, pois o mundo existe), ou o “cogito psicossomático” (Penso, pois sou um corpo). Para ele, o homem não duvida de si quando sente ou pensa.
Contestava, em especial, seu contemporâneo, François Fénelon, teólogo e educador.
Ao contrário de Fénelon e dos demais criacionistas que explicam o universo com a tese da criação e da existência de Deus, dos que sustentam a passagem do Ser (Deus) para o não-ser (natureza) – como teorizavam os escolásticos -, Meslier julgava inconcebível que do nada, isto é, do não-ser (não-matéria), possa ter se originado o Ser (matéria).
Do nada se tira nada, e do ser se tira outro ser, completava; a matéria só poderia ser concebida como algo eterno e incriado.
Atualmente, físicos se esforçam para evitar a necessidade de um criador do ‘universo’.