
Araquém Alcântara está há 50 anos fotografando a natureza. São 55 livros já publicados e mais um para este ano. O mais conhecido é ‘TerraBrasil‘, de 1998. Suas fotos estão nos principais museus do mundo. Sua convivência com as florestas reforçou seu respeito pela exuberância da vida.
Mas, a devastação de nossos biomas é uma praga; antiga: um dos primeiros atos dos portugueses, quando chegaram por aqui, foi abater uma árvore para montar a cruz da primeira missa. Não se parou mais.
Quando ele começou a fotografar, nos anos 1970, a Amazônia só tinha 2% de sua cobertura original destruída, em 470 anos. Hoje, 20% dela já não existe.
“O fotógrafo de natureza enfrenta toda sorte de adversidade. O perrengue todo. A solidão da mata, bichos perigosos, condições climáticas. Tem que estudar a região, a biologia e os hábitos dos animais, ter um guia. Se não fossem os guias e os mais velhos, que esse governo está querendo matar, eu não teria 55 livros.
… o bicho não pode sentir seu cheiro, não pode perceber seu movimento, não pode olhar nos seus olhos. Você tem que ficar invisível.” (Araquém Alcântara)


“O verdadeiro fotógrafo não vê apenas uma árvore, ele observa o espaço entre as folhagens. Ele conduz o espectador com sua composição, seu enquadramento, seu volume, suas linhas. Ele contempla para fazer o grande desabafo que é o clique.
E o fotógrafo de natureza, além de ter o compromisso de ser defensor das belezas que vê, vai a lugares em que poucos vão pisar. Então ele tem que ser humanista, tem que lutar pela integridade desses lugares. Vejo as pessoas reparando mais nisso, com o genocídio que está em curso.” (A.A.)
“O homem é um fazedor de desertos.” (Euclides da Cunha)