Há pessoas que julgamos imortais. Na verdade, queremos que elas permaneçam conosco durante toda nossa vida – esse é o sentimento de eternidade para os mortais.
Uma dessas pessoas, referências, foi Lauro Machado Coelho, morto em 2018, que me aproximou da ópera.
Outra, que morreu ontem (dormindo, como lhe convinha), foi Zuza (José Eduardo) Homem de Mello, que me introduziu no universo do jazz, a partir dos “Free Jazz Festival”, nas suas 16 edições, a partir de 1985. Na terça-feira, 29 setembro, havia concluído uma biografia de João Gilberto, que será publicada. Talvez fosse o maior conhecedor da nossa música, ao lado de Ruy Castro e .José Ramos Tinhorão.
O papel de Zuza na promoção da nossa música, como produtor musical e divulgador é ímpar. Pessoa boa, sempre bem humorado, vivia mergulhado na melhor música.
Foi amigo de grandes nomes da música nacional e internacional, desde quando foi estudar na Juilliard School of Music, em Nova York e na School of Jazz, em Tanglewood, em 1957, após trocar um curso de engenharia pela música.
Continuarei lhe acompanhando enquanto esta vida fizer sentido. Essa é uma orientação da vida, acompanhar o que possa fazer sentido.
Num artigo sobre Chet Baker, um dos amigos, escreveu:
“Não moro em lugar nenhum atualmente. Eu e minha mulher estamos pensando em arranjar um apartamento em Roma, apesar de ser um pouco ao sul demais da Europa. Paris é muito cara, e os parisienses, muito ríspidos. Talvez Luxemburgo. De qualquer forma, não faz sentido morarmos na Califórnia. Trabalho a maior parte do tempo na Europa.”
Esses são os planos de um dos músicos mais maltratados pela vida: Chet Baker, o James Dean do jazz. Após uma ascensão vertiginosa, a vida aprontou-lhe uma sucessão de tropeços quase fatais, do envolvimento com drogas à prisão, deixando marcas profundas no seu corpo magro e frágil. (…)
Balaio Caótico 