
“Posso viver com dúvidas e incertezas e sem saber. Acho muito mais interessante viver sem saber do que ter respostas que podem estar erradas … Para progredir, é preciso deixar entreaberta a porta do desconhecido.” (Richard Feynman)
Incertezas fazem parte. Admitir que elas movem a história é importante para nos prepararmos, no que for possível.
Mas, no mercado financeiro elas afetam os preços de ativos, tanto no mercado de capitais como nas taxas de câmbio e a de juros de longo prazo. O mercado procura traduzir as incertezas em risco, a partir da volatilidade e cenários, e formam seus preços.
Neste ano tivemos uma desvalorização do real próxima de 30%; a taxa de juros para títulos de longo prazo embute prêmios muito altos; o Ibovespa caiu cerca de 17% no ano (em dólar a queda foi superior a 40% – a maior no mundo).
O Brasil está em 42º lugar em termo de risco-país, com base nas notas das agências de rating (BB- na S&P e na Fitch); o grau de investimento obtido em 2008 é só uma lembrança desde 2015, quando o perdemos.
Nosso EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus) está em 341 (em 2019 estava em 212) e, o CDS (Credit Default Swap), em 246 (103 no ano passado).
O dinheiro estrangeiro só tem saído: em 2008 (quando o país obteve o grau de investimento), os não residentes detinham mais de 20% da dívida pública brasileira; atualmente essa participação está abaixo de 9%. Dinheiro sai, dólar sobe.
O risco conjunto afugenta os investidores, apesar do barateamento (em dólar) dos ativos locais: as instabilidades políticas (indefinições, procrastinações das reformas, brigas à toa entre importantes agentes políticos), retomada econômica lenta, aumento do risco fiscal e receio sobre a contestada política ambiental.
E a economia real, o emprego, o crescimento da renda? À reboque dessas turbulências.