
O que podemos conhecer da realidade? Muito, muito pouco. Quanto mais nos interessamos pelo saber, mais interesses consequentes, correlatos, aprofundados, aparecem. É uma aventura sem fim, felizmente. É uma lição de que o que importa é o caminho, não o destino.
Quanto mais vemos o que existe de racional, mais é necessário ver também o que escapa à razão, diz Edgar Morin.
“Tenho o forte sentimento do invisível escondido dentro do que é visto. Mas, conclui que essa verdade permanecerá para sempre oculta à nossa consciência. De resto, fico sempre estarrecido quando ouço os que saem brandindo a palavra que dissipa todas as trevas: Deus, Matéria, Espírito, Razão, Determinismo. Sou daqueles que se maravilham com o universo, mas não dos que lhe atribuem um sentido ou o racionalizam.” (Morin)
Segue: “Quando o grande Einstein se encanta com a razão superior que rege o universo, não posso deixar de pensar que essa razão superior está misturada a uma loucura imoderada, com os aniquilamentos de antimatéria pela matéria, as colisões e explosões estelares, as desintegrações ininterruptas de tudo que é integrado, sem contar os cataclismos que a história da vida conheceu e, se passarmos ao ser humano, das extinções de civilizações, das destruições culturais e dos embates, massacres, delírios e crueldades de todas as espécies!”
Sobre a inesgotabilidade do saber, vários já falaram:
- “As ciências têm duas extremidades que se tocam. A primeira é a pura ignorância natural em que se encontram todos os homens ao nascer. A outra extremidade é aquela a que chegam as grandes almas, que, tendo percorrido tudo que os homens podem saber, constatam que eles nada sabem e se encontram nessa ignorância da qual eles haviam partido: mas é uma ignorância sábia que se conhece.” (Blaise Pascal)
- “O homem que não medita vive na cegueira, o homem que medita vive na escuridão.” (Victor Hugo)
- “Chegou o momento em que só o que permaneceu incompreensível poderá nos interpelar!” (René Char)
- “A rã no fundo do poço não conhece o alto-mar” (Provérbio japonês)
- “As coisas não são misteriosas por serem indícios de outra coisa, mas porque são.” (Vladimir Jankélévitch)
- “E sua ciência aumenta tanto que ele fica sem conhecê-la.” (João da Cruz)
- “O império do saber largou as amarras, flutua para o mistério e para a noite.” (Manuel de Dièguez)
- “Ainda vivemos na infância da espécie humana, os horizontes representados pela biologia molecular, o DNA, a cosmologia começam a se descortinar. Nós não passamos de crianças em busca de respostas, e à medida que a ilha do conhecimento se amplia, se alargam também as margens de nossa ignorância.” (John Wheeler)
Finalizando esta lista, Dostoiévski: “O homem é um mistério. Se dedicarmos nossa vida inteira a esclarecê-lo, não teremos perdido nosso tempo. Eu me ocupo desse mistério, pois quero ser um homem.”