
Yu Xuanji foi a primeira poetisa feminista chinesa. Viveu de 844 a 869, durante a dinastia Tang. Foi executada aos 26 anos, após uma acusação duvidosa.
As mulheres, à época, eram impedidas de exercer funções de relevo; cabiam-lhes, praticamente, casar-se, tornar-se concubina ou monja.
A linda e educada Yu Xuanji (Xuanji significa “misteriosa profundidade”) tornou-se concubina (segunda esposa) de um funcionário público. Tinha 16 anos. O casamento logo acabou; foi abandonada, por exigência da primeira esposa.
Virou uma monja taoista. Mas, seu mestre, o poeta Feiqing, era também seu amante. Para ele, compôs um poema:
Para Feiqing em uma noite de inverno
“Baixa, poema, invoco-te à luz da lanternaà noite insone, renego o frio das cobertas
Folhas ocupam o pátio, como ao vento a dor
Entre as cortinas em gaze a lua declina
Triste a seguir a estrada, uma estranha até o fim
em florescer e murchar conhece-se a flor
mesmo desconhecido seu pouso entre os plátanos
Encerra a tarde um arco os pardais em alarde.”
Dependendo do viés político do autor e do momento, ora ela aparece como vilã libertina, ora como uma heroína feminista, em romances e filmes. Era uma mulher rebelde, de vida livre para os padrões de sua sociedade e crítica da condição feminina.
Uma alegoria
A primavera às folhas de pêssego espalha-seEm todo pátio à lua cintilam os salgueiros
Cá em cima estou, no quarto, perfeita a maquiagem
recém-vestida, à espera da noite, o silêncio
Ao lago sob as flores de lótus os peixes
Em volta do arco-íris revoam pardais
Tudo nesta vida é sonho, alegria ou pena
vêm-nos aos pares; possa eu por fim acordar