

“Pela cidade … há dois quadros ilustrados com figuras: um é Vênus que nasce, e aquelas brisas e ventos que a fazem vir à terra com os Amores; e então uma outra Vênus, adornada pelas Graças, indicando a primavera; vê-se que elas foram desenhadas por ele com graça.” (Giorgio Vasari)
Botticelli se orientou para os programas das obras no hino homérico a Afrodite:
“Eu cantarei a bela Afrodite, a deusa venerável de coroa de ouro, que domina as muralhas de toda a Chipre, rodeada de mar, onde a força úmida do Zéfiro (deus do vento) que sopra, a levou sobre a vaga do mar de ruído ressonante na doce espuma. (…)”
Há, também, um respeito às regras de pintura ditadas por Leon Battista Alberti, com uma mesma medida de fantasia e reflexão. Ou, uma articulação do dionisíaco com o apolíneo.
O historiador da arte Aby Warburg (1866 – 1929) desenvolveu a noção de “engrama”, que seria uma forma de memória social e coletiva. A ideia de engrama se enraíza em experiências e comoções muito intensas, que penetram na subjetividade e permanecem armazenadas, podendo afluir posteriormente, se associando a gestos e movimentos corporais, a formas de expressão humana que foram utilizadas nas formas de arte.
Esse gestual está presente nessas obras.