“Que livro um Capelão do Diabo escreveria sobre as obras desajeitadas, esbanjadoras, tolas e terrivelmente cruéis da natureza!” (Darwin, em 1856, sobre o início de A Origem das Espécies)
Darwin era um atormentado. Como falar sobre suas descobertas sem perder seu Deus?
“É como confessar um crime.” Estas são sua palavras quando revelou ao mundo o que sabia ser um fato: que nós, os humanos, descendemos de moluscos hermafroditas acéfalos.
Como pôde um abastado cavalheiro, um obstinado em busca de reconhecimento, demolir os fundamentos de sua religião e da sociedade anglicana?
Confuso, relutara em abandonar sua fé; tentou até “inventar provas” para sustentar o evangelho. Mas, a sua crença no “Cristianismo como uma revelação divina” gradualmente se consumia. Ele não podia “entender como alguém devesse desejar que o Cristianismo fosse verdade”. Se fosse, “os homens que não têm fé, como meu avô, pai, irmãos e quase todos os meus melhores amigos, seriam eternamente punidos. E essa era uma doutrina abominável”. Para ele, a doutrina da maldição eterna era um ultraje moral.
Mas, o mundo queria conhecer as opiniões religiosas de Darwin. Cartas vinham de todo lado. Torturante. Suas respostas:
“Sinto ter que informá-lo que eu não acredito na Bíblia como uma revelação divina e, portanto, nem em Jesus Cristo como o Filho de Deus”. Ou, “… não acreditava que jamais houvera qualquer Revelação. Para a vida futura todo homem deve julgar por si mesmo entre as conflitantes probabilidades indefinidas.”
Ele não via nenhuma salvação ‘eterna’; não vivera com medo da ira divina. Vivera como alguém “descrente da existência de um Deus pessoal ou de uma existência futura com retribuições e prêmios.”
Mas, numa questão, se o ateísmo e a evolução eram compatíveis, respondeu que um homem, poderia ser um fervoroso ateísta e um evolucionista. Ele, entretanto, nunca “fora um ateu no sentido de negar a existência de um Deus”. Discordava do Deus bíblico.
Balaio Caótico 