
K’ung Ch’iu, conhecido no Ocidente como Confúcio, teve uma ascendência sobre o Leste Asiático, especialmente na China, como nenhum outro. Talvez Lao-Tsé, fundador do taoismo, e Sidarta Gautama se equiparem.
Nesta região, foi Confúcio, não Moisés, quem legou os padrões para a moralidade humana. Foi Confúcio, não Locke ou Jefferson, quem moldou a relação entre cidadão e Estado e a posição do indivíduo na sociedade. Ainda hoje, para se entender a China, é necessário conhecer sua influência.
Nossa cultura, centrada na filosofia grega e na Bíblia, é autocentrada. Liberdade, por exemplo, é algo pessoal com limites sociais.
A cultura do Leste Asiático, diferentemente, insere a liberdade num conceito de rede, sistêmico e holístico. Os laços familiares e governamentais são prevalecentes. No Ocidente, o ‘eu’ é atômico; lá o ‘eu’ é conexão. Isso, claro, em termos gerais.
Não estou dizendo que a liberdade lá é melhor ou pior do que aqui; são visões diferentes.
Pouco se sabe sobre sua juventude, apenas que era pobre e que gostava de estudar: “Aos quinze anos, dediquei-me de coração a aprender”, disse.
Para ele, que se considerava um professor, o único objetivo que um homem pode ter e também a única coisa válida que pode fazer é tornar-se um homem tão bom quanto possível. Isso precisaria ser perseguido pelo próprio valor intrínseco, independentemente de sucesso ou fracasso. Ser bom, sem esperar recompensas neste ou noutro mundo.
Perguntado sobre a morte, respondia que como não compreendia a vida, como poderia entender a morte?
Para Confúcio, havia vários tipos de caráter ideais, a começar pelo “sábio”. Ressaltava que ele próprio não era um sábio e que nunca havia visto tal homem. Em seguida viria o “homem bom”, seguido pelo “homem completo” (aquele que “à vista de uma vantagem a ser obtida, lembra-se do que é certo”, por exemplo) e pelo “cavalheiro” (chün tzu).
Entre as virtudes, ressaltava a “benevolência”. Escreveu “Não imponha aos outros aquilo que você não deseja para si próprio” e, “Ame seus semelhantes”, cinco séculos antes de Cristo.