
A indústria cultural, segundo Adorno e Horkheimer, visaria a integração das massas ao sistema capitalista, gerando fragmentação e impotência:
“Divertir-se significa estar de acordo.
A diversão é possível apenas enquanto se isola e se afasta a totalidade do processo social, enquanto se renuncia absurdamente desde o início à pretensão inelutável de toda obra, mesmo da mais insignificante: a de, em sua limitação, refletir o todo.
Divertir-se significa que não devemos pensar, que devemos esquecer a dor, mesmo onde ela se mostra. É, de fato, fuga, mas não, como pretende, fuga da realidade perversa, mas sim do último grão de resistência que a realidade ainda pode ter deixado.
A libertação prometida pelo entretenimento é a do pensamento como negação. A impudência da pergunta retórica: “Que é que a gente quer?” consiste em se dirigir às pessoas fingindo tratá-las como sujeitos pensantes, quando seu fito, na verdade, é o de desabituá-las ao contato com a subjetividade.”
A vida não é só luta e esperneio. Requer fruição, compensações pelos dramas diários. O entretenimento é, na minha opinião, um direito. Claro que pode alienar, se desarticulado e sem a necessária oferta de educação reflexiva. A limitação ao pão e às distrações, sim, imobiliza. Isso não significa que o lazer, a diversão, as expressões culturais sejam dispensáveis.
O Adorno era um chato! Sua preocupação era com a mercantilização da cultura para as classes ‘subalternas’, porque traria um conformismo do gosto, sua domesticação a uma ‘cultura popular’. Elitismo, acho.