Ret Marut, Richard Maurhut, Berick Torsvan, Traven Torsvan, Robert Marut, Fred Maruth, Alberto Otto Max Wiernecke, Adolf Rudolf Feige, Kraus, Martínez, Fred Gaudet, Lainger, Goetz Ohly, Anton Riderscheidt, Robert Bek-Gran, Arthur Terlelm, Hal Croves … ou B. Traven. Um nome para cada ocasião ou necessidade. Tinha passaporte inglês, americano, sueco, norueguês, lituano, alemão e mexicano. O ‘B’ poderia ser vários nomes.
Não ter um nome, ou subtrair-se do registro civil, era para Traven um estilo anarquista de se levar a vida.
“Sou mais livre do que qualquer um, sou livre para escolher os pais que quero, a pátria que quero, a idade que quero.” (B. Traven)
Reclamava das exigências que as fronteiras nacionais estabeleciam:
“Antes da I Guerra, bastava apresentar um envelope vazio com um endereço e um selo carimbado para viajar de Berlim a Filadélfia, de Hamburgo a Bornéu, de Bruxelas à Nova Zelândia.”
Ele ficou famoso com seu livro “O Tesouro de Sierra Madre”, que trata da caçada por ouro em Sonora, por três americanos.
A vida de Traven é cercada de mistérios. Sabe-se que era de origem alemã e que morreu em 1969, aos 87 anos, no México, para onde ‘fugira’ em 1924.
Em 1960, o presidente mexicano Adolfo Lopes Mateos declarou, para acabar com rumores, que ele nem sua irmã eram o escritor:
“Uma lenda se formou em torno de B. Traven. Dizem no México que minha irmã Esperanza era B. Traven e tinha escrito os livros, sendo que ela foi apenas sua secretária e tradutora. Também dizem que eu sou Traven. Nenhuma das duas coisas é verdade. O primeiro livro de Traven foi publicado quando eu tinha quatro anos e minha irmã, cinco. Na verdade Traven existe, usa esse nome e continua escrevendo.”
Esperanza era uma figura fascinante: escritora comunista e lésbica assumida. Mas, Traven, apesar de anticapitalista, era anarquista. Apesar disso, era o escritor preferido de Churchill e de Einstein …
As fogueiras nazistas queimavam seus livros e, um de seus romances – A Rosa Branca -, inspirou e intitulou um grupo antinazista.
Traven conseguia ser um anônimo, apesar dos vários nomes e supostos “verdadeiros travens”; uma lista enorme. Mais recluso que Salinger e tão “descoberto” quanto Shakespeare.
Em 1899 esteve no Rio de Janeiro, como marinheiro. Foi preso na Inglaterra (como Ret Marut) e, depois como Hugo Baruch, alegando chamar-se Jack Bilbo.
Como Ret Marut, agitava os mineiros do sudoeste da Alemanha, com o discurso anarquista.
Bom, ‘Maruts‘ eram divindades da tempestade, do trovão, no hinduísmo. E Torsvan deriva de Thor, o deus do trovão na mitologia nórdica. Uma inspiração?
Já no México, fomentava greves e insurreições. Entre os que o seguiam, então, estava o futuro general nicaraguense Sandino, que depois irá libertar sua pátria para acabar assassinado por Somoza.
Traven foi viver com os índios em Chiapas, com o nome Torsvan.
Quando alguém lhe perguntava sobre seu passado, respondia: “Se você não quer ouvir mentiras, não faça perguntas. Não existiriam mentiras se não existissem perguntas.”