
Chuang-Tzu, ou Zhuangzi, foi um taoista. Viveu entre 369 e 286 a.C.
É comum pensar que a criatividade visa a novidade ou originalidade. Essa é uma crença atual. Zhuangzi pensava diferentemente. Para ele, criatividade não é concebida como objetivando a novidade ou originalidade, mas sim a “integração“. Em vez de visar algo novo, visa algo que combine bem com a situação da qual faz parte.
Acho isso muito importante. Os sábios, os gênios, de todos os tempos, souberam fazer essa integração, alicerçados no conhecimento disponível – claro que com alguma faísca de genialidade.
A busca pela originalidade pode ser contraproducente quando se trata de obter resultados genuinamente novos.
Viver bem em geral envolve uma integração espontânea entre tipos contrastantes, como o duro e o macio, como o erudito e o espontâneo, o ativo e o passivo, e até o improdutivo e o produtivo. Este tipo de criatividade não visa a inovação ou originalidade, mas a integração entre o que se tem e o que se precisa.
Com relação ao nosso estar no mundo, ele pensava:
“Cada pessoa é o que devia ser e pode viver com igual felicidade enquanto viver ajustada à sua própria natureza.
Não há pessoas que sejam superiores e outras inferiores.
Há pessoas cuja natureza as torna aptos a assumir cargos de chefia, outras cuja natureza as faz serem bons negociantes, bons artesãos ou bons funcionários. Há quem tenha vocação para dedicar a sua vida a ajudar os outros e quem tenha jeito para pensar ou para investigar tudo.
Desde que respeitem a sua natureza, todas as pessoas podem fazer o que têm a fazer, com igual felicidade e sucesso no que fizerem.
Mas existe um limite próprio para cada uma a partir do qual tudo mais que possa ser desejado apenas levará a lamentações.
Quem quer mais do que lhe é dado sofre inutilmente sem que ninguém o esteja a castigar. Quando nos prendemos demasiado às coisas, sentimos perdas e ganhos; e a alegria e o sofrimento são o resultado de perdas e ganhos. Só quem larga essas amarras se pode sentir verdadeiramente feliz.
A única liberdade a que os homens podem aspirar tem que estar inserida dentro dos limites naturais da sua condição humana e da sua natureza. Só devemos tentar fazer o que podemos realmente fazer. A nossa liberdade de ação tem limites.
Quem não gosta do que tem, porque pensa que podia ter melhor, é desagradecido e é estúpido. Abdica da única liberdade que um Homem pode ter para optar em vez disso pela ansiedade constante de tentar ter o que nunca vai ter. Quem não gosta do que é, acabará por passar a sua vida frustrado, tentando ser o que nunca vai ser.”
Há os que dizem que isso seria um conformismo, um abrir mão do seu potencial. Não vejo assim. Dentro de cada raio de ação individual, deve-se buscar o máximo. O que é sabido é que sempre haverá poucos reis e poucos sábios. Nosso exercício na Terra é atingirmos o melhor do que nos é possível, sem nos exasperamos, comparativamente.
O proposito da vida é viver.