
É. Não dá para dizer que Schopenhauer era otimista, embora se comprometesse em buscar soluções para o ser humano suportar a dor de viver. Reforçava a nossa triste realidade e, as esperanças nulas e falsas sobre o bem que desta pode advir. O mundo seria “mais fumo do que luz”. Inspirava-se nas suas leituras sobre o hinduísmo e budismo.
“… esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que se deseja é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento.” (Buda Shakyamuni)
A fuga para o Nada poderia ser o objetivo da vida:
“Desviemos um instante os olhos de nossa própria indigência e de nosso limitado horizonte; levemo-los sobre esses homens que venceram o mundo, nos quais a vontade, atingindo a perfeita consciência de si, se reconheceu em tudo que existe e, livremente, renunciou a si mesma…” (Schopenhauer)
Mas, talvez tenha sido sua mãe quem o emperrou para esses interesses e perspectivas. Em 1805, seu pai foi encontrado morto nas águas geladas de um canal. Suicídio? A mãe mudou-se para outra cidade e o deixou em Hamburgo, aprendendo a ser negociante, como o pai. Schopenhauer, claro, não tinha nada com comércio e pediu à mãe para estudar algo que lhe interessasse. Após várias cartas, a mãe concordou, com uma condição: que ele a deixasse em paz. Ela não o tolerava.
“Todas as suas boas qualidades, ficam obscurecidas por sua superinteligência e se tornam inúteis para o mundo, simplesmente por conta de sua raiva e de querer saber tudo melhor do que os outros … Se você fosse menos parecido com você, seria apenas ridículo, mas assim como você é, você é muito chato.” (carta da mãe)
Se as pessoas achavam a companhia de Schopenhauer intolerável, o sentimento era mútuo. Ele passou longos períodos depressivos em isolamento auto-imposto. Difícil sair algo otimista a partir desse estado de coisas.