
Em julho de 1957, o padre Hosana Siqueira e Silva matou, com três tiros, o bispo de Garanhuns, dom Francisco Expedito Lopes. O padre havia sido excomungado naquele dia, acusado de quebra do voto de castidade.
Os boatos da época davam conta que o pároco mantinha um romance com uma prima. A jovem morava com ele na casa paroquial, já teria feito um aborto e estaria esperando mais um filho do religioso. Devidamente informado pela população do desvio de conduta, dom Expedito exigiu que ele resolvesse a questão e deixasse a mulher. Mas logo chegaram aos ouvidos do bispo a informação de que o padre arrumara uma substituta. Verdade ou não, o padre foi punido. Cumpriu metade da pena de 19 anos. Em 1997, esse padre foi assassinado a pauladas!
Eram tempos em que a Igreja Católica tinha um papel incisivo na vida social e política. O costume de “reclamar ao bispo” não era piada. Tempos da ‘romanização’ ou, ‘neocristandade’, inspirada nas encíclicas de Pio IX, e marcada pelo anticomunismo, antimodernidade e antiprotestantismo. Também condenava a maçonaria, às vezes ‘rotulada’ de comunista!
O obscurantismo não era privilégio da Igreja Católica. Em Garanhuns, nos anos 50, um colégio presbiteriano defendia uma separação clara entre o papel a ser exercido pelos homens e mulheres, os primeiros devendo se preparar para o exercício da política e negócios enquanto cabia às mulheres aprender economia doméstica e cozinhar para melhor poder cuidar do lar.