Feminista, revolucionária, anti-escravagista, heroína e, crente na justiça humana

Olympe de Gouges – writer, feminist, victim – How I raised money to produce  my play
(Olympe de Gouges)

Marie Gouze nasceu em 1748 e foi decapitada em 1793, aos 45 anos.

Era filha de um amor proibido entre Anne-Olympe, uma lavadeira, e um marquês. Aos 18 anos já era mãe e viúva. Casara-se, forçada, com um sujeito muito mais velho e abusivo, que a obrigava a manter relações sexuais. Após sua morte nunca mais quis se casar. Preferiu ser cortesã, escolhendo suas companhias.

Leitora de Rousseau e apaixonada pelas ideias libertárias, muda seu nome para Olympe de Gouges. Homenagem à mãe e identificação com a goiva.

Muda-se para a Paris revolucionária e participou de toda a efervescência cultural e política. Conheceu Voltaire, Benjamin Franklin, Lafayette e outros pensadores.

Torna-se uma defensora dos ideais feministas e abolicionistas. Inconformada com o fato de as mulheres terem sido esquecidas na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão‘, redigiu a Declaração dos ‘Direitos da Mulher e da Cidadã‘.

“Olympe, ainda menina aprendendo a cortar um leitão e questionando a violência do ato, foi prontamente minimizada com a justificativa de que “animais não têm alma”. Um pouco mais tarde, ao se deparar pela primeira vez com uma mulher negra na rua, ela se intriga com sua aparência e recebe a resposta de que não se trata de um ser humano. ‘Como o leitão?’, ela pergunta, para ouvir que a negra não é ‘nem gente, nem animal: não é nada’.” (Renata Arruda)

Seu princípio para assegurar os direitos da mulher era bem explícito:

“a mulher tem o direito de subir ao cadafalso; portanto, ela deve igualmente ter o direito de subir à Tribuna.”

Olympe assume o sexo feminino como “superior, não só em beleza como pela coragem demonstrada nos sofrimentos maternos”. E, defende que as mulheres têm o direito de revelar a identidade dos pais de seus filhos e que filhos ilegítimos tivessem os mesmos direitos dos legítimos.

Suas ‘provocações’ desagradaram aos ‘revolucionários’, que continuavam machistas. Deram um jeito de condená-la. 

Sua última carta, para seu filho:

“Morro, meu filho querido, vítima da minha idolatria pela pátria e pelo povo. Sob a especiosa máscara do republicanismo, seus inimigos me trouxeram sem remorsos para o cadafalso.

Depois de cinco meses de cativeiro, fui transferida para uma ‘maison de santé‘, na qual estava tão livre quanto se estivesse em casa. Eu poderia ter escapado … mas convencida de que toda malevolência combinada para me enredar não poderia me fazer dar um único passo contra a Revolução, eu mesma exigi ir a julgamento. Eu poderia ter acreditado que aqueles tigres esclarecidos seriam eles próprios juízes contra as leis, mesmo contra aquele público reunido que logo os acusará de minha morte?

Recebi minha acusação três dias antes de minha morte; a partir do momento em que esta acusação foi assinada, a lei deu-me o direito de ver os meus defensores e quem mais eu quisesse para ajudar no meu caso. Todos foram impedidos de me ver. Fui mantida como se estivesse em confinamento solitário, incapaz de falar até mesmo com o carcereiro. Recebi a lista à meia-noite e, no dia seguinte, às 7 horas, fui levado ao Tribunal, fraca e doente, e sem a arte de falar com o público; como Jean-Jacques e também por causa de suas virtudes, eu estava bem ciente de minha inadequação. Eu perguntei pelo defensor oficial que eu havia escolhido. Disseram-me que não havia nenhum ou que ele não queria assumir a minha causa; eu pedi que outro tomasse seu lugar. Disseram-me que tinha inteligência suficiente para me defender.

Sim, sem dúvida eu tinha o suficiente para defender minha inocência, o que era evidente aos olhos de todos os presentes. Não nego que um defensor oficial poderia ter feito muito mais por mim ao apontar todos os serviços e benefícios que trouxe ao povo.

Vinte vezes empalideci meus algozes e, não sabendo responder a cada sentença que traía minha inocência e sua má-fé, eles me condenaram à morte, para que o povo não fosse levado a considerar meu destino como o maior exemplo de iniquidade que o mundo já teve.

Adeus, meu filho, não estarei mais quando você receber esta carta. Mas saia do seu posto, a injustiça feita à sua mãe e o crime cometido contra ela são motivos suficientes.

Eu morro, meu filho querido; Eu morro inocente. Todas as leis foram violadas pela mulher mais virtuosa de seu século … lembre-se sempre dos bons conselhos que dei a você.

Deixo o relógio de sua esposa, bem como o recibo de suas joias nas casas de penhores, o jarro e as chaves do baú que enviei para Tours.

De Gouges.

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

Um comentário em “Feminista, revolucionária, anti-escravagista, heroína e, crente na justiça humana

  1. Em pouca coisa mudou. O machismo , o preconceito imperam . Basta ver as estatísticas, a grande quantidade de mulheres que não possuem vez é nem voz. Vários séculos e continua o mesmo. Infelizmente.

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