
Alguém, além de mim, já leu “Segredos de Liderança de Átila, o Huno”, de 1989? Curioso, lia sobre tudo e todos. Não recomendo o livro, claro. Só há ‘segredos’ no título, o resto é óbvio: lealdade, coragem, anseio, resistência emocional, vigor físico, empatia, poder de decisão, antecipação, sincronização, competitividade, autoconfiança, responsabilidade, credibilidade, tenacidade, confiabilidade … e tantos outros atributos que necessariamente não se relacionam com a figura mencionada. Imaginem, resistência emocional e empatia aprendidas a partir de Átila!
Ainda curioso, mas já imunizado contra apelações, não li a sequência fatídica de livros sobre Jesus:
- A liderança de Jesus
- Os segredos da liderança de Jesus
- O método de liderança de Jesus
- Lições de liderança de Jesus
- O estilo de liderança de Jesus …
A onda ainda vigente é apelar-se ao “foda-se …” Nível que diz muito do nosso estágio.
“A enorme quantidade de livros circulando por aí está nos deixando completamente ignorantes.” (Voltaire)
A febre dos ‘best-sellers’ de gestão é, na verdade, uma praga. Centenas, anualmente. Alguns viram ‘modismo’ entre seguidores sem bússola pessoal. Tom Peters (“A Busca do Uau!”), reengenharia (quantas empresas quebraram!), a “Teoria Z” (sim, já houve), #VQD – Vai que dá! (atualíssimo!), “A Mentalidade do Fundador”, “O Jeito Indiano de Fazer Negócios”, “O X da Questão” (cuidado!), “O voo do cisne”, “Roadmapping”, “Startup Enxuta” (Lean startup soa melhor), “Sprint”, “Método Lego”, “Scrum”, “Gestão Ágil”, “MVP” (Minimum Viable Product), “Mindset”, BATNA (Best alternative to a negotiated agreement), “Design thinking”, “Inovação disruptiva”, “Estratégia do Oceano Azul”, “Value Proposition Design”, “Canvas” (…)
A taxa de natalidade dos gurus de gestão é equivalente à de mortalidade, mas as consultorias mantêm seus esquifes abertos.
“Velhos dogmas de gestão retornam travestidos de novidade e a preocupação com detalhes triviais ganha status estratégico.” (Thomaz Wood Jr.)