
Xavier de Maistre nasceu em 1763, no então reino da Sardenha.
Em 1794, após participar de um duelo com um oficial, foi punido com um confinamento disciplinar de 42 dias em seu quarto em Turim. Sem tornozeleiras. Escreveu seu livro mais famoso, ‘Viagem ao redor do meu quarto’. Exilou-se na Rússia e participou de campanhas contra Napoleão.
“Sigam-me, todos vocês a quem as dores do amor ou o descaso dos amigos retêm em seus cômodos, longe da mesquinhez e da perfídia dos homens. Que todos os infelizes, os doentes e os entediados do universo me sigam! – Que todos os preguiçosos se levantem!”
Seu quarto era retangular e media trinta e seis passos de perímetro.
“Mas minha viagem contará muitos passos mais, pois hei de percorrer meu quarto em comprimento, em largura ou ainda na diagonal, sem regras nem métodos. Farei mesmo ziguezagues … Por que haveria de recusar os prazeres dispersos ao longo do difícil caminho da vida?”
A imaginação, sua companheira, preenche seu quarto e seus dias: “… o prazer que sinto em meditar no brando calor da minha cama. – Haverá teatro mais propício à imaginação, capaz de despertar ideias mais doces … Uma cama nos vê nascer e nos vê morrer. A cama é um berço enfeitado de flores; é o trono do amor; é um sepulcro.”
O tempo e o espaço são preenchidos com reflexões. O vazio é uma construção, nossa.
Nesses tempos em que a autoconvivência se tornou imperativa, sua leitura é conveniente.
Um comentário em ““Como há gente curiosa neste mundo!””