Pedagogia dos bebês

Interview with Gustavo Esteva: The Society of the Different / Part 1 /  Global Eyes / In Motion Magazine
(Gustavo Esteva, um dos fundadores da Unitierra)

Todos os bebês aprendem coisas tão difíceis quanto pensar, andar ou falar, aprendendo em liberdade, sem nenhuma educação formal. Essa é a ideia por trás da Unitierra, a Universidade da Terra, localizada em Oaxaca, México, região dos zapotecas e mixtecas, que se define como “uma organização, um espaço e uma rede de aprendizagem, estudo, reflexão e ação.”

Em 1997, os povos indígenas de Oaxaca apresentaram uma declaração em seu fórum estadual: “A escola tem sido a principal ferramenta do Estado mexicano para destruir os povos indígenas”. Depois disso, muitas comunidades começaram a fechar as escolas.

Um absurdo, diziam as ‘autoridades’. “Esses bárbaros estão condenando seus filhos pobres à ignorância.”

Benjamin Maldonado, antropólogo, concebeu alguns testes e, surpresa, aqueles que não frequentavam a escola eram melhores em leitura, escrita, aritmética, geografia ou história, com uma exceção: “Eles não sabiam cantar o hino nacional, diferentemente das crianças que frequentavam a escola”. Os sistemas de ensino apenas alimentavam a obediência ao estado.

Para que pudessem avançar nos seus ‘estudos’, foi criada a Unitierra, em 2001; um projeto descolonizante que tenta criar um espaço para aprendizado autônomo com reflexão e ação. Uma universidade que deveria ter seus pés na terra e cuidar da Mãe Terra.

Com a filosofia do “aprender fazendo”, o ‘espaço’ cultiva maneiras de tornar o aprendizado parte da vida cotidiana que concentra lazer, ação reflexiva e autonomia. Não há professores, salas de aula e currículos.

Todos os seus ex-“alunos” estão hoje vivendo com dignidade, com o que lá aprenderam. As variadas esferas da vida – curando, comendo, cultivando, resistindo e criando como parte do aprendizado cotidiano – unem a Unitierra.

Uma experiência em curso.

Abandonou o conceito de trabalho, convencionalmente adotado pela esquerda e glorificado no socialismo como um “paraíso dos trabalhadores”. A ideia é fazer o que faz sentido, o que é significativo e alegre para todas as pessoas, e rejeitar todas as formas de trabalho forçado. E, se enraíza nos princípios da suficiência e tenta eliminar ativamente a
lógica da escassez, baseada na premissa de que os desejos humanos são ilimitados, mas
os meios para satisfazê-los são limitados.

Um curso de experiência. Por quanto tempo deixarão a experiência amadurecer?

Publicado por Dorgival Soares

Administrador de empresas, especializado em reestruturação e recuperação de negócios. Minha formação é centrada em finanças, mas atuo com foco nas pessoas.

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