
Na Antiguidade, muitos pensavam que a memória e a imaginação localizavam-se no coração; outros, como Herófilo e Erasístrato, as situavam na cabeça.
Mas, no século IV d.C., Nemésio, o bispo de Emesa, ‘resolveu’ a questão: fixou as faculdades mentais em segmentos do próprio cérebro.
Ele também se preocupava com a possibilidade de haver vários mundos além do nosso.
Platão havia, em Timeu, optado pela unicidade; um mundo só estava de bom tamanho:
… Deveremos afirmar que existe um único mundo, ou que existem cinco? No que nos diz respeito, porém, o deus nos indica que, por verossimilhança, um único mundo surgiu.
Essa escolha estaria de acordo com a natureza do divino arquiteto, uma natureza una, que quer todas as coisas reunidas na forma do uno.
Bom, aceitemos que o nosso mundo é um só, único.
Mas, e se ao invés de vários mundos coexistindo, o mesmo único mundo se sucedesse ao longo do tempo? Pergunta do Nemésio.
“Quando cada um dos astros errantes, dizem os estoicos, retorna exatamente em longitude e latitude, para o ponto do céu em que se encontrava no começo, esses astros errantes produzem, ao fim de um período de tempo bem definido, o abrasamento e a destruição de todos os seres. Os astros então retornam sua trajetória e o mundo se vê reconstituído.”
Esse retorno poderia reproduzir um mundo idêntico em tudo ao anterior ou, com as mesmas situações, mas com sutis diferenças nos antigos duplos em alguns aspectos. A verificar.