
Janeiro de 1902. O vulcão do Monte Pelée, na Martinica, começou a soltar fumarolas. Não seria nada. Em meados de abril ocorreram pequenas explosões na borda do vulcão. Ora, nada demais! No final de abril, tremores de terra e uma chuva de cinzas, envolta em uma nuvem espessa e asfixiante de gás sulfuroso. Curioso!
Insetos, animais e cobras desconfiaram. Desceram, fugindo da tempestade de cinzas e dos tremores. As erupções não pararam, ao contrário, se intensificaram e, as águas do lago situado na cratera do vulcão, ferviam. Que coisa interessante!
Havia eleições programadas para breve. O governador da cidade ao pé do vulcão, Saint Pierre, queria ser reeleito. Encomendou uma avaliação a uma comissão de líderes cívicos que escalou o vulcão para avaliar o perigo. O único “cientista” do grupo era um professor da escola secundária local. O relatório afirmava que “não há nada na atividade do Monte Pelée” que pudesse levar a população a deixar a cidade e concluía que “a segurança da cidade está completamente garantida”. Já era 5 de maio. Tranquilos! Uma espécie de gripezinha. Apesar da ‘garantia’ da autoridade local, alguns resolveram abandonar a cidade; o governador enviou tropas para patrulhar a estrada, com ordens para fazer retornar aqueles que tentavam sair – as eleições eram prioritárias.
No dia 8 de maio, o vulcão explodiu e destruiu inteiramente a cidade de Saint-Pierre, provocando a morte de 30 000 a 40 000 pessoas.

Duas pessoas sobreviveram. Uma delas, porque estava presa.
No início de abril, Louis-Auguste Cyparis, ou Samson, como era chamado, foi preso por ferir um de seus amigos com um cutelo. Escondeu-se, dançou a noite toda e então entregou-se às autoridades na manhã seguinte. Foi condenado à prisão em solitária por uma semana na masmorra da prisão. Em 8 de maio, ele estava sozinho em sua masmorra com apenas uma pequena abertura gradeada na parede acima da porta. Enquanto esperava pelo café da manhã, sua cela escureceu e ele foi dominado por fortes rajadas de ar quente misturado com cinzas que haviam entrado pela abertura gradeada. Ele prendeu a respiração enquanto sentia uma dor intensa. Depois de alguns momentos, o calor diminuiu. Ele foi queimado gravemente, mas conseguiu sobreviver por quatro dias antes de ser resgatado por pessoas que exploravam as ruínas de St. Pierre.