
Thomas Müntzer queria ir além. Acreditava que não fazia sentido esperar a morte para que a justiça reinasse, ou que as injustiças cessassem.
A Reforma Protestante em território alemão possui duas figuras, por vezes próximas entre si, por vezes muito distantes: Lutero e Tomás Müntzer.
À medida que foi se envolvendo na vida de seus fiéis, Müntzer foi tomando caminhos próprios.
Lutero, embora defendesse a resistência à autoridade, em questões seculares aceitava a tirania. Müntzer, diferentemente, via a fé fortemente inserida no social – uma espécie de “precursor” da Teologia da Libertação que irrompeu na Igreja Católica nos anos 1960.
Ele não negava a graça, mas acreditava que esta tinha um papel secundário, ao contrário do que pensava Lutero.
Então, em 1524, quando os camponeses alemães se revoltaram contra os senhores feudais, para os quais eram obrigados a trabalhar, Müntzer passou a liderá-los.
Os revoltosos baseavam-se na Bíblia para afirmar que os camponeses nasceram livres e reivindicavam a livre escolha dos líderes espirituais, a abolição da servidão, a diminuição dos impostos sobre a terra e a liberdade para caçar nas florestas pertencentes à nobreza. Um anarquismo primitivo. Lutero condenou o movimento dos camponeses, apoiando os príncipes e nobres.
Müntzer, que havia passado a admirar Lutero a partir de 1514, depois aderiu às ideias de Jan Hus – o Hussismo -, que fora queimado vivo em 1415; um dos pioneiros do protestantismo.
Hus, por sua vez, havia abraçado o ideal de John Wycliffe (“Cristo é a cabeça da Igreja e não os papas”), que morrera em 1384.

Em fevereiro de 1525, a revolta armada havia se espalhado por todo o sul do país e começava a se alastrar para o norte e leste.
Os lavradores, porém, não tiveram chances contra os soldados, armados e experientes. Na batalha de Frankenhausen, em maio de 1525, os camponeses foram cercados e mortos aos milhares. O teólogo acabou preso e, sob tortura, foi obrigado a negar suas teorias. Por fim, ele foi decapitado.