
“Ai de nós, a cegueira e o preconceito são traços comuns à humanidade em todas
as dimensões”
“Imagine uma grande folha de papel sobre a qual linhas retas, triângulos, quadrados,
pentágonos, hexágonos e outras figuras, em vez de ficarem fixos em seus lugares, movem-se livremente em uma superfície, mas sem o poder de se elevarem sobre ela ou de mergulharem abaixo dela, assim como as sombras – só que com bordas firmes e luminosas. Assim você terá uma noção bem correta de meu país e de meus compatriotas.”
Assim começa o romance “Planolândia”, escrito em 1884.
“O Quadrado” (A. Square), pseudônimo do clérigo inglês Edwin Abbott, mostra um mundo em que as pessoas são figuras geométricas (triângulos, quadrados, pentágonos, hexágonos etc.) e a classe social à qual pertencem é proporcional ao número de lados que elas têm e à perfeição de suas formas. Qualquer irregularidade (deficiência física) é uma desgraça punida com a morte ou com a internação em um hospital que tentará consertar o desvio. Qualquer casamento entre figuras geométricas (classes sociais) diferentes é visto com desconfiança, senão com tristeza, por parte das figuras (classes) com maior número de lados. As mulheres não têm nenhum lado, são somente uma linha e são obrigadas a entoar um canto de paz quando se deslocam pelo mundo. Uma regra que, se desobedecida, leva à execução sumária. Afinal, na perspectiva de um mundo plano, a única coisa que se vê são os lados dos triângulos, quadrados etc.
É uma sátira sobre a preconceituosa sociedade vitoriana.
Atualmente, os defensores da teoria das supercordas especulam que o mundo teria 11 dimensões; os defensores de teorias de conspiração suspeitam que a terra é plana, ou chata.