
Sou avô. Tenho sofrido com o processo de ‘alfabetização‘ pelo qual alguns netos passam. Tinha esquecido o meu sofrimento. Uma tortura.
Há, basicamente, dois processos de alfabetização infantil: um método ‘sintético‘ e o ‘analítico‘. Ambos se utilizam do mesmo paradigma psicológico, o ‘associacionismo’.
“Considerava-se que que aprender a ler e escrever dependia, fundamentalmente, de aprender os nomes das letras. Aprendido o alfabeto, combinavam-se consoantes e vogais, formando sílabas, para finalmente chegar a palavras e a frases. Esse era o método da ‘soletração’,” diz Magda Soares. Esse era um método ‘sintético’.
Depois tentou-se tornar a aprendizagem significativa, a partir da compreensão da palavra escrita, para dela chegar ao valor sonoro das sílabas e grafemas: métodos ‘analíticos‘.
O uso de uma ou outra técnica tornou-se pendular, sem que pesquisas fundamentassem qual a válida.
Acontece que em ambos prevalece o ‘ensino’ sobre a ‘aprendizagem’. O aluno sempre secundado pelo professor.
“O aprendizado da aranha não é para a mosca”, dizia Henri Michaux.
O pressuposto era que a criança aprende ora pela percepção auditiva (método sintético) ou, pela percepção visual (método analítico). Em ambos, a criança é um ‘aprendiz passivo’ que recebe o conhecimento que lhe é transmitido. Ora, ninguém é naturalmente passivo!
Em ambos, a questão não era se seria necessário ensinar as ‘relações fonemas-grafemas‘, mas quando e como deveriam ser ensinadas.
Finalmente, nos anos 1980, surgiu o ‘cognitivismo piagetiano‘. Com Piaget, afirma-se a prevalência da aprendizagem sobre o ensino. O aluno assume o foco, ao invés do professor.
O método se torna irrelevante; o importante é focar o aluno e não o método.