
A partir do século X, ter os pés deformados tornou-se um padrão de beleza na cultura chinesa, no caso de mulheres que não precisavam trabalhar. Essa tradição só começou a morrer no início do século passado. A mudança começou após um apelo à honra nacional.
“Não há nada que nos torne mais ridículos do que atar os pés”, escreveu Kang Youwei ao imperador Guangxu.
Kang era um pequeno funcionário estatal, mas seu mal estar conseguiu sensibilizar o imperador, apesar da eminência oculta, sua tua Cixi, que governava de fato.
“Todos os países têm relações internacionais e comparam mutuamente suas instituições políticas, de forma que, se um comete o mais leve erro, os outros o ridicularizam e o tratam com superioridade.”
Esses relatos são trazidos por Kwame Anthony Appiah, para abordar a questão da ‘honra‘.
A honra é essencial, assim como nossas identidades sociais, porque cria uma conexão entre nossas vidas.
Aristóteles recomendava que se alcançasse a ‘eudaimonia‘, melhor traduzido como ‘florescer‘ (há os que traduzem como ‘felicidade’). Florescer, no sentido de ‘viver bem’.
Ao estudo da eudaimonia chamou de ‘ética’. A ‘moral‘ é uma dimensão importante da ética: “fazer o que devo aos outros faz parte do viver bem”; reconhecer as obrigações de cada um de nós em relação aos outros.
Isso é parte do processo de ‘reconhecimento‘: nós precisamos que os outros respondam apropriadamente ao que somos e ao que fazemos; e eles esperam o mesmo de nós. A honra é essa liga.
Queremos ser vistos como honrados, honestos (há claro, os que dão risadas a coisas desse tipo, hoje dominantes). A honestidade é vital para a honra: ‘honestus‘, em latim pode significar tanto ‘honesto’ quanto ‘honrado’.
Esse é o grande desafio: trazer a questão da honra à pauta, como necessária para as reais mudanças que precisamos.
Republicou isso em REBLOGADOR.
CurtirCurtir