
John Donne morreu em 1631. Em 1624, muito enfermo, escreveu sua ‘Meditações’, na qual reconhecia a miserabilidade da condição humana.
“Variável, e consequentemente miserável, é a condição do homem! Nesse minuto estava bem e agora estou doente, no mesmo minuto. (…)
Ó miserável condição do homem! Esta não foi imputada por Deus, uma vez que, sendo Ele imortal em Si, colocou uma brasa, um breve brilho de imortalidade dentro de nós, que poderíamos transformar em labareda, mas que é apagada pelo nosso pecado original; nós nos empobrecemos por darmos ouvido às falsas riquezas, e nos iludimos por darmos ouvido ao falso conhecimento. E, assim, nós não somente morremos, mas morremos pela tortura, morremos pelo tormento da enfermidade; e não somente por isso, mas nos atormentamos previamente, super atormentamos com essas invejas e suspeitas e apreensões da enfermidade, diante do que chamamos de doença; mesmo assim não estamos certos de nossa doença …
É essa a honra que o homem carrega por ser um pequeno mundo em si, por ter esses terremotos dentro de si, transformados em tremores; relâmpagos em brilhos; trovões em ruídos; eclipses em ofuscações e escurecimento dos sentidos; estrelas flamejantes em exalações inflamáveis; rios de sangue em águas vermelhas?
Ele é um mundo em si, então, que se satisfaz por si, não somente destruindo e executando-se, mas pressagiando a sua própria execução …”