
Assim pensava sir Francis Galton, um dos propulsores da eugenia, com suas ideias sobre determinismo biológico. Era primo de Darwin.

Galton era um polímata – um gênio, diriam, ou “o cão chupando manga”, na minha região – com um Q.I. de quase 200: médico, cientista, meteorologista, estatístico (os conceitos de ‘correlação’ e ‘regressão à média’ são seus), pesquisador da mente humana, antropólogo, matemático … Para ele, todo objeto de estudo deve ser medido: “conte sempre que puder!”, era seu lema. A estatística seria usada para “melhorar o estoque humano e impedir a degeneração do potencial genético humano”. A “raça” humana poderia ser melhorada caso fossem evitados “cruzamentos indesejáveis”.
Por um tempo desenvolveu um “mapa da beleza” da Grã-Bretanha: ele ficava parado em esquinas de várias cidades e observava as mulheres passando. Quando via uma atraente (na sua opinião) ele marcava quatro alfinetes num feltro; menos atraente, três alfinetes etc. As mais atraentes viviam em Londres e as menos atraentes, em Aberdeen, na Escócia, concluiu.
Estudou profundamente a genealogia de criadores, líderes e atletas célebres; essas pessoas deviam seu sucesso à genética, acreditava.
Galton não se apercebia que veio de um ambiente privilegiado (filho de um banqueiro) e não enxergava as vantagens que essa posição conferia a ele e a seus amigos; acreditava viver numa meritocracia.