
Cai a lua, caem as plêiades e
É meia-noite, o tempo passa e
Eu só, aqui deitada, desejante.
Safo nasceu em Lesbos, uma ilha grega no mar Egeu, no século VI a.C.
Era pequena e morena, conta-se, e seu amigo, o poeta Alceu, descrevia-a com “cabelos violeta e sorriso puro de mel”.
Teria se casado com um homem rico da ilha de Andros, Cercilas.
Ela exercia influência sobre as jovens. Era a líder de uma comunidade feminina, um thiasos, que se reunia para aperfeiçoar o conhecimento religioso, cultivar a música e a poesia e desenvolver habilidades sociais. Nesta comunidade, cuja divindade era Afrodite, se cultivava profundos laços homoeróticos, numa atmosfera de criação de vínculos.
A paixão que transborda em seus versos fez dela um símbolo e uma heroína da homossexualidade feminina.
Platão a considerava a décima musa.
Muito do que escreveu foi perdido ou destruído por aqueles que julgavam o erotismo feminino perigoso e ofensivo para o conceito de “feminilidade”.

A uma mulher amada
Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.
Sinto um fogo sutil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.
Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frêmito me abala… eu quase morro… eu tremo!