
O título acima foi o nome dado por Gauguin a este quadro.
Ele inspirou o biólogo Edward O. Wilson a escrever seu livro “A conquista social da Terra”, no qual apresenta sua visão da evolução, da natureza e da sociedade humanas, de forma esperançosa porém cautelosa. No centro de tudo, a tensão permanente entre egoísmo e altruísmo.
Voltando ao atormentado Gauguin. Poucos dias antes de partir, em 1903, aos 54 anos, escreveu: “Sou um selvagem. E as pessoas civilizadas suspeitam disso, pois nas minhas obras não há nada mais surpreendente e desconcertante que esse aspecto ‘selvagem apesar de mim'”.

Ao pintar o quadro citado, no final de 1897, estava debilitado pela sífilis e por uma série de ataques cardíacos. Sem dinheiro e deprimido, após receber a notícia de que sua filha Aline havia morrido de pneumonia.
Pretendia que aquela fosse sua última pintura; seu tempo estava se esgotando. Ao terminá-la, subiu nas montanhas de Papeete, no Taiti, para se suicidar com arsênico. “Talvez não imaginasse quão dolorosa pode ser a morte por esse veneno. Pretendia se esconder antes de tomá-lo, para que seu corpo não fosse logo encontrado, sendo antes devorado pelas formigas”, escreve Wilson.
Mas, se arrependeu e decidiu continuar lutando. Isolou-se ainda mais, até morrer “naturalmente” de insuficiência cardíaca sifilítica.
Ao ir à Polinésia francesa, queria encontrar paz – que nunca conseguiu.
A paz mora nalgum lugar que não em nós?