
Quando falamos de salvar o mundo, de que mundo estamos falando?
Não do globo em si, claro! Mas também não é do mundo biológico – o mundo da vida.
O mundo da vida, por estranho que pareça, não corre perigo (embora milhares e talvez milhões de espécies corram).
Até em nosso pior momento, em nosso momento mais destrutivo, não conseguiremos deixar este planeta sem vida. Hoje, estima-se que duzentas espécies se extinguem por dia, graças a nós. Se continuarmos a matança de nossos vizinhos nesse ritmo, chegará inevitavelmente o dia em uma dessas duzentas espécies será a nossa.
Salvar o mundo também não significa preservar o mundo tal como ele é agora. Essa parece ser uma ideia muito boa, mas também é impraticável. Mesmo se toda a espécie humana desaparecesse amanhã, o mundo não ficaria como está hoje. Nunca conseguiremos, aconteça o que acontecer, interromper o processo de transformação deste planeta.
Mas, se salvar o mundo não significa salvar o mundo da vida nem preservá-lo tal como está, inalterado, do que estamos falando?
Salvar o mundo só pode significar uma coisa: salvar o mundo “enquanto habitat humano”. Conseguir isso vai significar (deve significar) salvar o mundo enquanto habitat para o maior número possível de espécies.
Só podemos salvar o mundo como habitat se pararmos a matança catastrófica da comunidade da vida, pois a nossa própria vida depende dessa comunidade.
(Daniel Quinn, 1999)
“A premissa da história dos Pegadores é ‘O mundo pertence ao homem.’ (…) A premissa da história dos Largadores é ‘O homem pertence ao mundo.'”
No livro “Ismael”, Quinn cria as categorias de Pegadores e a de Largadores.
Pegadores são as pessoas pertencentes à “civilização”. Particularmente, a cultura nascida na revolução agrícola, que começou há cerca de 10.000 anos.
Largadores são as pessoas de todas as outras culturas; normalmente referidas como “primitivas.”
“O que aconteceria se forjássemos deliberadamente nossas soluções sociais nas chamas do caos criador?” (John Briggs e F. David Peat)