
Lucrécio, em De Rerum Natura, afirma que “Nada no corpo é concebido a fim de que possa ser usado. O que acidentalmente nasce é por causa de seu uso.”
Qualquer biólogo evolucionista assinaria em baixo, embora Lucrécio tenha vivido entre 99 e 55 a.C.
Esse pensamento contrariava a ideia vigente, aristotélica, de que “a natureza adapta o órgão à função, não a função ao órgão”. Ou seja, os homens possuem olhos, por exemplo, “por causa” de sua “necessidade” de visão.
Entre as duas concepções, divergências na relação entre auto-organização de seres vivos e finalidade.
Em Aristóteles, trata-se de teleologia; em Lucrécio, teleonomia.
Teleologia significa algo que já se encontra presente no começo (finalidade + lei ou princípio). Tem a ver com o desígnio, a intenção. A noção de design inteligente se encaixa aí.
Teleonomia, conceito introduzido por N. Wiener, ao contrário, “é uma forma de naturalismo filosófico que vê a natureza como entidade desprovida de um desenho ou finalidade determinada” (Pier Luigi Luisi)
Para os evolucionistas, o termo teleonomia é o que deve ser usado. Os que acham que os seres vivos – os humanos, especialmente – foram concebidos de forma pronta e acabada, seguem a teleologia.