(Paulo Henriques Britto)
Não há razão pra ter razão em nada.
Que precisão tem o amor de linhas retas
se paralelas afinal são nada mais
que a garantia do infinito desencontro?
Olhai à vossa volta, ó assinantes de jornais,
Ó vós que devorais com bom proveito
as bulas abissais dos antiácidos,
quantas volutas de paixão não heis desfeito
com o desajeito de vossos membros tímidos,
a omissão de vossos sonhos flácidos?
Será que é não querer que se deseja?
Então ter tudo é a solução de tudo?
O mundo é teu. Toma aí. Pode pegar.
E então? É pra viagem ou vai comer
aqui e agora? Não é todo dia não
que o mundo cai no colo, de bandeja.
Difícil responder assim de chofre.
Queria tanto querer não querer …